O caráter alucinógeno é gritante. O senso de torpor é algo que vem logo em seguida, aniquilando qualquer resquício de dor e sofrimento que, por ventura, estejam assolando um indivíduo. De beat delicado e macio, ao mesmo tempo em que amplifica esse caráter embriagante, a canção é, consequentemente, agraciada por uma aveludada noção de movimento com bastante fluidez.
O que chama a atenção, porém, é o fato de que, enquanto o espectro rítmico vai se desenvolvendo de forma afofada, a melodia que se constrói através do teclado oferta uma sonoridade sintética que consegue, facilmente, tirar o ouvinte de seu senso de lucidez. Ainda assim, é interessante ver a existência de um diálogo não verbal em meio a essa conjuntura sonora.
Quanto mais a canção se desenvolve e acaba evidenciando ligeiros requintes de linearidade estrutural, a obra destaca um novo elemento que, além de trazer mais delicadeza, consegue introduzir um dulçor bastante aromático na atmosfera. É o piano fazendo com que a ambiência assuma uma postura de redenção em meio ao caos. É como um oásis no meio do deserto.
Destacando a sensibilidade inquestionável de Del’Noire, Tyler Down, faixa inspirada em um personagem de 13 Reasons Why, é uma chamada para que todos os ouvintes que se aventurarem pela sua audição estejam atentos aos mais singelos sinais de abuso físico. Afinal, apesar de se tratar de uma obra ficcional, tal série da Netflix traz esse assunto para a discussão, um tema que, infelizmente, é muito comum de ser observado no mundo real.
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