Thy Veils promove uma viagem atemporal no álbum “Next Forever”

Há quase trinta anos, o projeto Thy Veils, fomentado pelo músico e produtor Daniel Dorobantu, surgiu para brilhar e acalentar a arte musical com o seu ambiente sound. Neste álbum chamado “Next Forever”, Dorobantu mais nove músicos entregam uma verdadeira odisseia sonora em seus dez movimentos. O primeiro se chama “A High Age”, que já dispara texturas límpidas e envolventes. A seguinte, “Sunvault”, desperta mais para um clima eletrônico misturado a uma atmosfera desabrochada. É bom que se diga que faz parte da alegoria desse disco três vocalistas. Com estilos distintos e agregadores as cantoras promovem belas sensações, junto às ondas esfumaçadas das melodias.

Embora, as primeiras execuções do disco nos remeta a uma terapia tântrica, em “Influx”, o estilo é bem mais techno com um ótimo groove da base e baixo alucinante. As sessões de sintetizador são estilo cinematográficas, como em um filme de ficção científica. Pessoas que apreciam boas experiências com a música, já podem se deliciar com as batidas desta aqui que apresenta um adorno incrível na estética. Para alguns pode representar um tema futurista, para outros uma viagem de regressão, mas as sensações podem ser diversas conforme as suas imaginações. O que não pode perder é nenhum segundo desta música para não quebrar o clima.

Às vezes, o projeto romeno penetra tão profundamente em nossas mentes, que nos dá impressão de que somos parte da própria música, um canalizador ou coisa assim. Dessa forma, como em “Upstream”, conseguimos perceber a energia se movimentar em nossas veias e se externar ao espaço. Muito desse efeito psicodélico é gerado a partir de vocalizações sombrias, carregadas de ocultismo e doçura, mas ecoadas sobre camadas modernas ritmadas de sintetizador. Se a todos essa proposta de unir uma característica vintage a recursos atuais funciona, a mim pelo menos, soa como genial.

Dando sequência a essa verdadeira fábrica de som, a canção título “Next Forever”, chega com um pulsar introvertido para então desaguar em uma execução forte e cheia de personalidade. A música que dá nome ao álbum faz parte da sua sessão mais pesada e empolgante, sempre com bela performance vocal, pontes harmônicas bem deliberadas pelo baixo. O que marca melhor aqui é uma grande passagem de introspecção à extravagância, como se fossem dois lados de uma moeda. Se podemos dar um crédito específico nesta execução, pode-se destacar a atuação da bateria que caminha inquieta com suas frases complexas, porém harmoniosas.

Para retornar às sessões de meditações tântricas, tente viajar na percussão de “Fluttering Light”, cuidadosamente tocada por quem possui destreza, delicadeza e sensibilidade. A ligação de seu som exótico com as entonações delicadas da vocalista, nos permite estar dentro de uma bolha feita de massa de som, viajando através dos ares até perder a consistência. Um verdadeiro efeito de bolha de sabão soprada ao vento. A música também é uma das mais pomposas e sofisticadas do álbum, no que ajuda a nos envolver com mais penetração. Você está preparado para embarcar no curso dessa viagem? Já digo que é uma boa experiência.

A musicalidade exótica também escorre pela misteriosa “Heart In Wonder”, com linhas de efeitos bastante expansivas. Aqui, a percussão também insere o seu charme em uma execução meio tribal. A música, que mais parece um cântico dos deuses, amplia a vitrine de ideias de Dorobantu e seus compositores, além de sintetizar todo o conceito do álbum. A canção começa com um som de chamado misterioso que faz sala a uma performance de atabaques, ou outro instrumento de pele que serve de base ao restante da melodia. Com letra composta por Jalāl al-Dīn Muḥammad Rūmī e Manuela Marchis, “Heart In Wonder” é sobre vida e morte.

A desenvoltura da vocalista Alira Mun em “Morph”, dá mais identidade ao tempero épico da música. Com uma empolgante batida de fundo, a voz aveludada da artista referencia o caminho pelo qual deslizam as harmonias. Mas também é interessante perceber a aceleração de seu andamento. E, por falar em pegada épica, a música “Luna”, que é a mais extensa do álbum com os seus mais de nove minutos, e única totalmente transcendental, é uma viagem lúcida pelo desconhecido, pelas cavernas de nossas mentes e que nos transporta a verdadeiras sessões de hipnose, tamanha massagem mental que ela nos proporciona.

Para finalizar esse portal dimensional, a moderna “Mountain Fire” surge com um perfil mais moderno, embalado por um suave protagonismo de trompete capaz de acalmar qualquer coração. Os solos majestosos do instrumento de sopro entrelaçando-se às partes vocais, causam efeitos de ressurgimento como a lenda de Fênix. É certo dizer que existem vários nomes com a mesma proposta de ambient sound do Thy Veils, porém as peculiaridades que cercam essa galera é de uma complexidade musical, que a sua estética sonora beira o fantástico. Se você tem bons ouvidos e uma cultura musical sensível, ouvirá isto por longos anos.

Confira “Next Forever” pelo Bandcamp.

https://thyveils.bandcamp.com/album/next-forever

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