É, no mínimo, interessante. Afinal, o imediato despertar da canção traz, pela união do piano e do sonar ligeiramente azedo reproduzido pelo sintetizador, uma ambiência gélida, melancólica, entristecida. Ainda que o beat que acompanha essa inicial melodia tente trazer movimento e uma noção de fluidez, a introdução, pela estrutura rítmico-melódica adotada, não consegue se desfazer de sua rigidez estrutural.
Entre a house music e o pop, a canção, assim que Carrie Stardust entra em cena com seu vocal de timbre agudo e interpretação lírica sussurrante, assume características soturnas e, inclusive, lancinantes. Com a adesão do teclado em suas notas entorpecidamente aveludadas, a obra passa a ser abraçada, também, por uma profunda noção de drama que paira livremente pelo seu ecossistema.
Se tornando tímida e surpreendentemente dançante conforme vai alcançando seu ápice narrativo, This Peak acaba dando vazão para que o ouvinte consiga degustar ainda mais da agudez quase estridente do timbre de Carrie. Com uma doçura aparentemente sofrida, mas na ânsia de alcançar a superação de seus próprios conflitos internos, a faixa se permite transpirar, inclusive, notas de uma sensualidade sintética.
É com essa arquitetura rítmico-melódica que This Peak apresenta uma personagem na jornada do autoconhecimento, da autovalorização. Nesse ínterim, ela acaba encontrando sua própria força e resistência conforme vai conquistando a máxima pureza da perseverança e da ânsia em superar suas dificuldades.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/0X8G42q4w9zRkr04eLKmTb
Bandcamp: https://carriestardust.bandcamp.com/
Instagram: https://www.instagram.com/carriestardust/