This August Age: arrebata com o pungente álbum orquestral “Artifacts”; saiba mais

A música pop que flerta em seu arranjo com orquestrações eruditivas, proporcionando uma carga dramática das mais furtivas, teve seu ápice supremo com a obra dos The Beatles nos anos sessenta. O cancioneiro de cunho popularesco já havia absorvido bastante coisa frente as trilhas-sonoras dos filmes ao longo da história, mas definitivamente foi com os Fab Four que a premissa tomou ares estratosféricos em sua propagação mundial. Esse repertório é tão sólido e atemporal, que muitos artistas das gerações subsequentes acabaram absorvendo em seus paradigmas musicais.

Antes tínhamos um fator “dificultativo”, pois era precisar levar uma orquestra para o estúdio para que a gravação se consumasse. Hoje, a exemplo de um dos nomes mais incensados do cenário alternativo, o radicado em Chicago, This August Age, produz esses arranjos em seu próprio quarto, uma premissa bastante comum atualmente. Só que o grau de sagacidade precisa ser outro, já que antes geralmente havia um maestro que tomava para si essa criação juntamente ao artista, enquanto agora solitariamente e em formato totalmente independente, a criação permeia apenas do aspecto criativo do autor.

Portanto é disso em que tratamos frente ao magistral álbum “Artifacts”, um maravilhoso pop orquestral conduzido por piano em sua plenitude. A introdução “A Note From The Autor”, em probabilidade de urgência, denota todo o prognóstico hipnótico da psicodelia sessentista, através de vocais sublimes com rara inspiração, e que duelam com a organicidade do arranjo provindo das teclas, onde esse crescimento gradativo até a rápida encore, trafega para um consistente elemento surpresa presenteado ao ouvinte. As pinceladas de cunho oriental em “First Line”, são devidamente encorpadas pela voz descompromissada que recebe ataques incisivos do violino, proporcionando um resultado de rara beleza, principalmente quando o coral toma corpo frente ao refrão. Que aliás, mergulha em grande resplandecência pop, soando coeso, grudento e perfeito para ser bradado de forma entusiástica pela audiência.

Logo em seguida somos devidamente comovidos pelo pungente registro, “Took it Black”, com a sofreguidão emocional alçando vôos interplanetários nessa jornada de proporções grandiosas. Sabem aquelas canções que já nascem com o status de hino, tamanho o poderio desprendido? Pois é, DISSO que tratamos aqui! E pensar que ainda estamos no início do álbum, temos ainda muito mais petardos surprendentes pela frente… “Carousel” tem aquela veia “bluezy” ao piano que caracterizou os trabalhos do Supertramp, mas exalando personalidade pelos poros, e solidificando a contundente identidade artística promulgada. Sentimento em camadas estratosféricas é o que recebemos do emano dessa faixa incrível!

“Caterpilar”, navega mediante a mesma linha, mas com melodias altamente sedutoras, nos conecta numa viagem sensorial imediata pelo alto caráter indubitável desprendido. Impossível sairmos incólumes desse processo tão atrativo! Aliás, é impressionante a capacidade do musicista em produzir intentos tão magnéticos com aparente facilidade, fica perceptível para os nossos ouvidos esse feeling ao construir um punhado de canções memoráveis, de forma totalmente instantânea! “Paradise”, mergulha mais uma vez na doce lisergia, onde somos devidamente abduzidos para um mundo de cores vívidas e brilhantes, tamanha a catalização de nossos sentidos mais primais frente a experiência proposta. Novamente um refrão “assombroso”, daqueles que assolam nosso inconsciente em contexto fidedigno. Ryan Klockner, a cabeça por trás do projeto This August Age, apresenta mais uma referência gritante aqui: o mestre Elton John!

“Philanderer’s Lament”, trafega por nuvens mais funkeadas e experimentais em seu arquétipo, mas embebeda-se de teatralidade, em uma música que remora alguns grandes musicais da Broadway. A orquestração realmente beira o divino nesta grande variação de quebradas rítmicas inspiradíssimas! “Tatoo”, com seus ares “floydianos da fase Syd Barret”, é um dos momentos de maior genialidade em “Artifacts”, com a verve poética aguçada e de insights carregados de simplicidade, sendo captados por um assobio e passagens obscuras da orquestração. Realmente temos uma canção pop de excelência aprofundada!

“Here With You” incorre pelo terreno abrasivo das baladas clássicas, onde acontece aquele diálogo entre piano, voz e orquestrações, proporcionando um efeito emocional de atmosferas singelas, e que mais uma vez demonstra toda a força abrupta do seu repertório. Uma preciosidade que poderia tranquilamente habitar o repertório de Paul McCartney, para vocês terem uma ideia do “estrago” monumental que esta composição proporciona! A encore transcendental com o arremedo épico “Epilogue”, enfatiza um destaque incisivo no conceito geral que é o excepcional jogo de vozes, que ainda trafega por um instrumental que arremata todas as incisões artísticas imergidas até então.

Aliás, por mais que tenhamos destacado faixas, “Artifacts”, de This August Age, é um acontecimento máximo, está entre os maiores lançamentos desse ano de 2022, e necessita que sua imersão seja imediata! A propósito, procure pular faixas e veja se irão conseguir… Impossível! O encadeamento melódico proporciona o mergulho até o patamar mais fundo deste oceano de grandes ideias, melodias, vozes, orquestrações e sapiência pop para poucos. O destaque no podcast Song Surfing, é apenas um início, fatalmente esta obra encaminhará seu nome para os recantos mais inóspitos desse planeta, porque é realmente SENSACIONAL! Disponibilizado abaixo:

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