The Best of Blues and Rock: primeiro dia de festival é marcado pelo hard-rock de Extreme e os riffs de Tom Morello

A décima edição do The Best of Blues and Rock aconteceu nos dias 2, 3 e 4 de junho. Estava como readatora no primeiro dia de festival e irei contar tudo que aconteceu para vocês.  

Cheguei perto do horário do primeiro show e já pude apreciar a beleza do Ibirapuera que foi um perfeito background para o palco que sua imponência já era uma atração à parte. Logo no credenciamento eu tive um momento de pânico ao descobrir que iria ter coletiva de imprensa e não tinha me preparado para perguntas aos artistas. Mas na hora eu cogitei perguntar para o Tom Morello sobre as participações que ele fez em “Gossip”, música da banda italiana Måneskin e em “And So It Went” do The Pretty Reckless e como ele se sentia com essa nova cena do rock. Porém, infelizmente, nem todas as perguntas são feitas em coletiva e a minha acabou sendo cortada.  

Mas um fato engraçado foi que Nuno e Tom estavam sentados bem na minha frente e ficaram esperando pela minha pergunta já que os dois me viram com a mão erguida. 

Entretanto muita coisa legal foi dita durante a entrevista que contava com Nanda Moura, duas integrantes da Malvada, Tom Morello, Nuno Bettencourt e Gary Cherone do Extreme.  

Uma das primeiras perguntas foi feita para Nanda Moura sobre o lugar da mulher no blues hoje em dia e a mesma disse que a mulher sempre esteve no estilo desde o começo com grandes nomes da música. Já as artistas da Malvada falaram sobre a animação e o nervosismo de estarem ali e mostrarem o seu rock para o público. 

Enquanto esperavam por Tom Morello, Nuno e Gary começaram a cantar a capella entretendo quem estava por ali e foi realmente emocionante ver os dois de perto em um momento bem descontraído. 

Uma das perguntas foi sobre o que Tom e Nuno achavam um do outro como guitarristas. Tom disse que Nuno foi uma grande influência para ele como guitarrista quando era adolescente. Enquanto Nuno fala que a primeira vez que ouviu Rage Against The Machine, ele amou tanto que odiou. Ele disse que sua referência era Jimmy Page que criava tudo e deixava os restos para os outros guitarristas, até ouvir Rage tocando e como era incrível eles misturarem o rap com rock, mas era a monstruosidade de Tom na guitarra que chamava atenção. Ele não imaginava que era possível tocar daquela forma. Tudo contado de uma forma divertida e com muito carinho um pelo outro.  

Também foi perguntado sobre a parceria de Nuno com Steven Tyler e Gary com Joe Perry, ambos do Aerosmith. Os dois brincaram que eles estavam se traindo, mas tudo está bem de novo.  

O primeiro show foi de Nanda Moura que começou muito bem o festival que, mesmo com um vento gelado, estava bem ensolarado e aquecendo quem estava por ali.  

Nanda Moura mostrou todo o seu talento vocal com uma impecável banda que trazia o melhor do blues clássico e deu o nome para aquele dia sendo um agradável presente para os fãs do estilo. 

Para dar o nome ao rock, veio a banda Malvada que é formada apenas por mulheres e com músicas cantadas em português. Nessa hora já estava começando a anoitecer e esfriar, mas o público não se abalou e curtiu o som das meninas que, além das músicas autorais, tocaram um tributo a Rita Lee com “Esse Tal de Roque Enrow” e quebraram tudo com Janis Joplin trazendo o cover de “Summertime”.  

O festival estava trazendo um ambiente bem prazeroso onde todos estavam curtindo o dia com suas bebidas, rodeados de amigos e com muita música boa. 

A noite fria chegou e com ela a banda americana Extreme. Eu confesso que estava bem animada para vê-los porque era muito fã na adolescência, mas nunca tive a oportunidade de ver um show ao vivo. A banda tocou grande parte das músicas de seu último álbum “Six” que é uma grande celebração ao hard-rock, mas com um toque de temas atuais. O que mais chamava atenção era o carisma, energia e excelente afinação de Gary e os poderosos solos de guitarra de Nuno. A banda tinha um ótimo entrosamento e muita potência ao vivo.  

É quando Nuno se senta em um banco que a expectativa dos fãs aumenta para o grande momento do show. Ele pega um violão e mostra todo o seu talento como músico o que leva os fãs a loucura precedendo o famoso “More Than Words”. Eu sou, particularmente, muito chorona e foi difícil contar as lágrimas nesse momento enquanto todos que estavam ali cantavam em uníssono todas as palavras do hit.  

O show se encerra com o animado “Get the Funk Out” que conta com a participação do guitarrista brasileiro Mateus Asato que entrega tudo no palco dividindo os riffs com Nuno. 

A energia estava lá em cima quando o Extreme saiu do palco para abrir espaço a Tom Morello. Eu nunca consegui ver o Rage Against The Machine ou Audioslave ao vivo, mas era a segunda vez que via Tom Morello tocando e é sempre uma emoção ver um dos meus guitarristas favoritos.  

O show de Tom foi uma viagem a sua carreira que começa na adolescência até projetos mais recentes.  

Entre as músicas, Tom fala com o público e diz em português que o show é pela paz, amor, igualdade, rock n’ roll e contra o fascismo. Ele mostra todo o seu talento como músico e a monstruosidade na guitarra quando faz um medley de seus riffs mais famosos. É quando a gente vê o impacto de Tom no mundo da música. Tem também uma hora que ele simplesmente tira o cabo da guitarra e começa a fazer um som com o cabo e sua mão.  

Logo no começo do show, Tom toca “Like a Stone” do Audioslave e uma foto gigantesca de Chris Cornell aparece por todo palco. Adivinhem? Eu chorei de novo. 

Uma das surpresas da noite foi quando começou a tocar “Gossip” do Maneskin. Eu fiquei eufórica na hora e não me contive ao cantar e pular durante o som. Algumas pessoas mais velhas a minha volta não entenderam muito a minha animação, mas eu não me contive, fiquei muito feliz. E eu acho que ele iria gostar da minha pergunta para a coletiva.  

Chegando quase ao final do show, Tom convida Nuno e Gary para voltarem ao palco e toca “Cochise” do Audioslave que levou o público ao delírio mais uma vez. 

Outro momento impactante foi quando o guitarrista virou o microfone para o público e disse que eles seriam os vocais da próxima canção e era hora do clássico “Killing in the Name”. A plateia não decepcionou na hora de cantar e curtir a canção. 

A noite se encerra com “Power To People” que, além da banda de Tom, contava com os integrantes do Extreme e Steve Vai que iria tocar no outro dia e estava lá assistindo os shows. 

Foi um início memorável de festival que engloba música de qualidade e feita com emoção.  

Texto: Tamira Ferreira

Fotos: André Velozo

Digite o que você está procurando!