Não tem como não gostar de um álbum de rap quando o artista responsável por ele aposta na sofisticação do estilo. E não se trata de deixar a sonoridade intrincada ou ‘chic’, como diríamos por aqui, mas dar qualidade, vazão aos arranjos e fazer com que soe diferente.
Em seu quarto ato, o artista de San Jose, Califórnia, Thatfool Al aposta todas suas fichas em dar mais pompa às suas composições e atinge seu objetivo. Mas teve que investir tempo e ideia nisso, o que com certeza fará com que ele colha muitos bons frutos com isso.
“Isness” foi Gravado no infame Smashmouth Studios em Campbell, na própria Califórnia. Foi mixado e masterizado por Deegan Mack Adams, com produção de Marcus Rodriguez, Sleap e muito mais. É um disco que envolve profissionais que entende do estilo e por isso funciona.
No álbum, Thatfool Al não dispensa os sintetizadores e eletrônicos, mas fez questão de inserir instrumentos de verdade, tais como guitarra, trompa e flauta, o que deixou seu som com mais organicidade. Tudo casando perfeitamente com suas linhas de voz rappeadas, mas com melodias inclusas que dão um equilíbrio mais que bem-vindo ao trabalho.
Em menos de 25 minutos ele entrega oito canções onde a missão mais difícil é destacar uma ou outra, tamanho o equilíbrio que as composições trazem. Mas, sempre tem algo que chama atenção, mesmo que em outra audição essa predileção mude. Nada fora do normal, ainda mais em se tratando de um disco tão rico.
Com um clima bem atmosférico, é impossível não falar sobre a faixa “Isness”, que abre o disco. Um rap ‘old school’, onde os sintetizadores dão uma veia soul muito requintada, fazendo um contraste entre a suavidade da música e agressividade do jogo de palavras de Thatfool Al.
Outro destaque, “Jerks” chega com uma batida bem sacada, guitarras certeiras e as trompas ao fundo dando um ar ainda mais edificante à música. Talvez seja a melhor canção do disco, mas isso o tempo dirá. “Turn Off” retorna com os metais, mas sua veia é totalmente ‘old school’, incluindo a batida. A flauta bem inclusa é a cereja do bolo da faixa.
“Home Base”, faixa que encerra o trabalho, não poderia ser melhor. A mais melodiosa, encanta com sua levada diferenciada, a trompa vem ao fundo dando um leve ar melancólico e o refrão é a cereja do bolo. “Isness” irá encantar os fãs de hip-hop em geral, mas é acima de tudo, um trabalho de música universal.