A maneira com que a guitarra, em sua forma acústica, se movimenta, já traz consigo uma menção sensorial embebida em certo grau de misticismo. Agraciadas por notas de um frescor de aparência excêntrica, ela se desenvolve de maneira minimalista e ondulante, o que promove, do ponto de vista sensitivo, um imergir em um mundo repleto de torpor.
De caráter curiosamente delicado, a canção, já no instante em que seu primeiro verso é despertado, desfila uma atmosfera generosamente crua. Tal quesito é constatado e engrandecido pelo timbre do vocalista. Rouco e ligeiramente rasgado, ele confere um toque suavemente bruto na atmosfera, um tempero extra que se funde em meio ao espectro enérgico de natureza entorpecente.

Se perdendo em nuances melancólicas cada vez maiores, a composição acaba se emaranhando em um cenário dominado por uma energia cabisbaixa. Através de sua linearidade estrutural, a qual bebe da fonte do minimalismo, a obra vai garantindo para si, inclusive, um viés intrigantemente onírico que, invariavelmente, é capaz de prender a atenção do espectador.
Quanto mais se desenvolve, porém, mais a canção permite a percepção de que a melancolia vai atingindo maiores patamares no que tange a sua receita sensorial. Inclusive, no momento em que o escopo lírico é dominado por uma sobreposição vocal que ganha um sabor ácido em meio a sua crueza já densa, Snake 25 acaba hipnotizando o espectador com sua narrativa de imagens agnósticas embrenhadas em misticismo e brisas de transcendentalidade.
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