Sldghram 1er evolui o gênero techno em seu álbum “Le marteau et l’enclume”

Capitaneado por uma figura abstrata, o projeto Sldghram 1er está em seu quinto álbum, além de ter lançado também mais dois singles. O último full-length, “Le marteau et l’enclume” acaba de ser lançado e sugere uma reflexão individual sobre como você se relaciona com as pessoas e consigo mesmo. Musicalmente, trata-se de um trabalho instrumental com vários elementos eletrônicos, como ruídos industriais, mas também pegando pelo lado do ambient sound, resultando em um álbum genuinamente techno, moderno e viajante. Se você curte esse tipo de arte sonora, aqui está uma excelente opção para a sua audição.

“Le marteau et l’enclume” foi composto com uma carga pesada de efeitos sonoros, como utilização de vários plug-ins, instrumentos sampleados e, inevitavelmente, recursos gerados por sintetizadores. Todo este conjunto, se transforma em uma camada atmosférica cibernética que conduz a viagem. Entretanto, você pode apenas parar e observar a funcionabilidade de todos os elementos inseridos em cada faixa, e sentir o poder de cada um deles correndo em suas veias. Com certeza, você ficará curioso em saber de quem são essas ideias malucas e quem se esconde trás da máscara de Sldghram 1er. Certamente, isso será uma tarefa difícil.

Talvez, Nicolas Dufournet possa conhecer a identidade de nosso artista, pois não é a primeira vez que esse produtor trabalha com Sldghram 1er. Em álbuns anteriores, já fizeram parcerias e neste não foi diferente. Fomentado desde o verão de 2021, todas as experimentações, edições e gravações foram feitas no Melodium Studio, que fica nos arredores de Paris (FRA). O resultado, totalmente límpido, nos permite perceber cada nuance empregada nas partes melódicas e viajar pelas ondas sonoras das partes mais complexas, mas já adianto que não se trata de um álbum burocrático, mas sim de fluxo fácil e cheio de direções. Fruto de uma evolução.

O primeiro trabalho de Sldghram 1er, “Nami”, foi lançado nas plataformas de streaming em 2017, mas o projeto existe desde 1999 quando houve a compra de um groovebox Roland para um documentário musical. Anteriormente, Sldghram 1er era um projeto para criações escritas. Contudo, essa fase embrionária foi crescendo e se tornou uma fonte de grandes títulos na arte sonora. O documentário, que falava sobre a história da música techno, foi um sucesso à época e isso serviu de encorajamento para que mais ideias fossem elaboradas a partir do velho equipamento, que fora comprado de segunda mão mesmo. Porém, supriu muitas possibilidades.

Sobre as influências inseridas no álbum, para quem é familiarizado com esse tipo de som, é fácil perceber incursões ligadas ao gabber numa linha mais hardore. No entanto, são vários fatores criativos que compõem os climas, pois em sua essência também está a música clássica, assim como a já citado ambient sound. Pega-se tudo isso, basicamente, põe no liquidificador, adiciona-se tempero de industrial para dar uma textura mais moderna, e você tem o que se apresenta aqui em suas oito faixas. De uma forma mais simplificada, “Le marteau et l’enclume” pode funcionar como trilha sonora de videogames ou filmes futuristas.

Nas falas do próprio autor, “Le marteau et l’enclume” tem significados profundos. “Embora o clima geral do álbum seja bastante frio, ele sempre mantém em mente, com alguns dos títulos, que por mais sombrios que sejam os dias, há espaço para lidar com isso com inteligência e bom senso de humor”, explica Sldghram 1er que, em suas criações, assina como Matthieu Hovas. Para arredondar tudo isso, podemos estar diante de uma obra que pode trazer ao mundo da música outras possibilidades de divertimento, meditação ou cura para diversos sentimentos doloridos. Ou seja, poderemos aqui estarmos ouvindo o trabalho de um homem pioneiro.

O álbum começa com a chocante “Battre l’enfer tant qu’il est chaud”, e ela choca até mesmo pelo título “Vença o inferno enquanto está quente”. Em seguida, “Tous, tels les traces de pas dans le sable après la tempête” assume as batidas transcendentais com seus longos mais de seis minutos, para então ceder a chegada calma de “The underwater heartmachine” que, aos poucos, ergue-se ao patamar de uma estrela. Quem também chega suavemente é “Faire sang blanc”, com notas simplórias de teclado, mas que aos poucos deixa sair do casulo uma grande e envolvente energia.

A sessão quebradeira retorna com “SlaughterPeace”, com sucessivas batidas e climas industriais. Dando continuidade, “Méduse et son rapport compliqué aux miroirs”, chama atenção pelo grave que a envolve, enquanto que “Mourir de fin” é como se fosse uma ponte entre a vida e a morte, que você terá que caminhar ao final da vida. A faixa título ficou para o final do álbum e as coisas que deixam “Le marteau et l’enclume” excepcional, são exatamente o número de sons, efeitos e experimentalismos contidos nela. Um verdadeiro espetáculo de texturas entre a harmonia e o caos, assim como tudo que há no álbum.

Confira “Le marteau et l’enclume” pelo Spotify.

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