É incrivelmente gratificante quando nos deparamos com um trabalho que soa bastante confessional em vários momentos de sua epopeia, mas acabamos nos identificando exatamente por isso, as histórias contadas com tamanha profundidade nos tocam em pontos dos mais diversos. Isso sem contar da questão musical, onde também vislumbramos uma parceria ideal para que a narrativa seja conduzida como a trilha-sonora mais do que ideal para tal fim.
O cenário independente alternativo desta década tem nos oferecido grandes surpresas, os talentos que produzem incessantemente pelo planeta em sua maioria não estão sendo “pautados” por convenções estilísticas e muito menos pelas agruras impostas pelo mercado. Presenciamos uma liberdade artística que realmente comove, onde estes registros que muitas das vezes são concebidos em seu próprio quarto (uma herança dos tempos de bloqueio pandêmico), com a experiência se consistindo em patamares totalmente solitários. O brilhantismo parte em várias dessas demandas, deixando claro que aquela fórmula do produtor + estúdio + gravadora definitivamente vai ficando para o passado…
Em se tratando de tempos que se foram, também tem vindo a tona bastante nostalgia repaginada com preceitos contemporâneos, reciclando estas sonoridades impolutas com as novas gerações em caráter extraordinário. Bastante do que descrevemos neste relato diz respeito a cantora e compositora radicada em Londres mas nascida no Brasil, SAASZ, e o lançamento em formato de álbum do magistral “Nostalgic Escapism”, um conjunto irrepreensível de dez faixas que realmente impressionam pela qualidade do repertório!
Não temos dúvidas que estará em todas as relações possíveis de “Melhores de 2023” ao final do ano porque é realmente INCRÍVEL em seu resultado final. “Visa um passado que por mais nostálgico que seja, você também deseja escapar”, atesta a autora defronte o conceito que permeia canções tão especiais, onde em caráter automático somos mergulhados em uma jornada sensorial sem precedentes. Um repertório que apesar das referências díspares bastante claras, exaure personalidade pelos poros, denotando uma identidade artística grandiosa e completamente coesa em sua intenção.
Um outro detalhe interessante é que trata-se de uma ESTREIA! SAASZ a bastante tempo guardou esta motivação para cantar, compor e produzir música, e este dia chegou no auge dos seus vinte e oito anos. IMPRESSIONA MUITO a maturidade musical desprendida neste disco. Nós do portal Music For All ficamos tão tocados com o conteúdo que instiga temáticas relacionadas a esperança, confiança, visibilidade e aprofundamento interno neste punhado de grandes petardos, que iremos esmiuçar cada uma destas faixas abaixo.
Os trabalhos se iniciam com “Retro Mind”, onde um arranjo confessional “gritante” de guitarra acústica, dialoga profundamente com a imponente voz da cantora, desprendendo timbres suntuosos, um feeling exasperado carregado de auto-indulgência, doses preciosas de sofreguidão emocional e técnica em níveis elevados. Temos uma “explosão” em forma de quebrada de cadência rítmica, crescimento gradativo e mudança de nuance atmosférica, que é impossível não rememorar o instigante cenário trip-hop.
A marcha hipnótica do piano rumando ao apoteótico final, nos deixa boquiabertos frente a prerrogativa densa e altamente sedutora desta canção. É perceptível ao primeiro contato que trata-se de uma compositora transgressora conceitualmente e muito bem sucedida ao condensar seu leque de ideias! “Jealousy” é uma pungente balada repleta de camadas etéreas, com um daqueles refrões primorosos que nos deixam de joelhos…
Grudento e perfeito para ser proferido em proporções entusiásticas, logo aos primeiros instantes de audição e identificação, que aliás ocorre em preceitos imediatos! A condução lúgubre que acena para patamares de natureza épica, só contribuem para O PRIMOR que é esse registro… O que são os sussurros supremos de SAASZ? UAU!
“Blindsided” tem uma instância melódica ao extremo, nos conduzindo para uma viagem indie-folk que logo é atacada por insights eletrônicos que enaltecem ainda mais o canto e a narrativa. A espontaneidade da batida no instrumento remete ao clássico álbum “The Madcap Laughs”, de Syd Barret, pois a doce e naturalmente sensual lisergia, dialoga profundamente com o papa da psicodelia! “Curse. Word” tem um grave que acena diretamente para a sonoridade pós-punk garagera, onde tons soturnos vão gradualmente se primando com excelência, onde uma mudança abrupta de nuances nos trazem a sensação de mergulho em águas escuras e profundas. MAGNÍFICO!
“Alternate Reality” aborda uma condução ambient embebecida em mistérios, onde cada passo promulgado contribui para aumentar as batidas do nosso coração. Aliás, outro refrão desconcertante aqui, completamente inusitado e singularmente “tirado da cartola”, tamanho o impacto de elemento surpresa proporcionado ao ouvinte. INCRÍVEL! “Point of no Return” evoca preceitos etéreos com um doce e perturbador canto declamado, assim como “Right Time” e seu prognóstico singelo, talvez o momento mais acessível até então, mas não menos sublime em sua intenção…
“Unbreakable” dentro dos sintetizadores em profusão, tem uma catarse emocional que funciona como uma “montanha-russa desgovernada” em se tratando de impacto sensorial. Realmente condiz plenamente com seu título, nos sentimos poderosos após a experiência! “My Love” tem uma base “bossa-novesca” que para variar nos surpreende e arrebata, assim como a incandescente encore de “I Want You”, outra preciosidade que nos deixa boquiabertos e nos leva a perguntar intermitentemente… TRATA-SE MESMO DE UM DEBUT DE ESTREIA? Simplesmente SENSACIONAL! SAASZ, guardem bem esse nome… Disponibilizado abaixo:
https://linktr.ee/saasz
https://open.spotify.com/artist/6CgUcYq2DaA8SSRRbX77Cx?si=3HFnwvslSEi9n07Z66OdSQ
https://m.youtube.com/channel/UCSk1Lpwi24mtRGTCjHm3FBA
https://www.instagram.com/_saasz_
https://www.tiktok.com/@_saasz_?_t=8hDeFOgjIOG&_r=1
(‘discovered and supported via Musosoup #sustainablecurator’)