Sempre nos surpreendemos em caráter impactante quando surge em nossa alçada um trabalho musical de estreia que em nenhum momento remete a um debut, encantando pela poderoso repertório emanado que desprende uma consistente maturidade artística. Apesar das influências declaradas de grandes lendas como Tame Impala, Floating Points e Pink Floyd, sua obra exaure personalidade pelos poros, decantando uma identidade realmente contumaz em seu conjunto de dez faixas realmente imprescindíveis!
Estamos discorrendo perante o mais recente lançamento em formato de álbum do cantor e compositor radicado em Denver, Graffiti Welfare, o emblemático “Revolving Shores”. O momento mundial é propenso a ensejos ambient ( a necessidade atual de “desaceleração” proporciona este crescimento do gênero!), e a abertura “To Be It” é totalmente emergida em sintetizadores reflexivos que marcham gradativamente em perspectivas hipnóticas, dialogando com os elementos minimalistas que brotam até o grande embate com a voz do artista: narração da narrativa em prerrogativa épica que exala preceitos futuristas e simultaneamente reverberando uma consciência absolutamente meditativa e envolta num parecer sensorial que caminha abruptamente sem precedentes!
A melancolia de ares lisérgicos emanada em “Just Follow”, desprende preceitos singelos em conexão absoluta com a reflexão perante um mundo desconhecido e carregado de mistérios. Os vocais embebecidos em camadas de efeito etérea soam sublimes neste “duelo” furtivo juntamente ao instrumental exuberante. Apesar da natureza experimental do projeto, não presenciamos arroubos de material na canção que promova análises com algum estranhamento e necessidade de entendimento, ao contrário, as melodias eclodem pelas entranhas do ouvinte dissipando sensações imediatas frente a experiência emanada! A homenagem do autor aos seus avós, que faleceram durante a produção do álbum, mostra toda a sofreguidão emocional emanada em digressões altamente significativas em aprofundamento conceitual e sensitivo…
“Synesthesia” quebra cadências em andamento acelerado, proporcionando-nos estágios atmosféricos que funcionam como uma sucessão inerente de congruentes elementos surpresa neste estágio. Pianos, synths em profusão e guitarra conversam entusiasticamente, mas com absoluta coesão, sempre “trocando de papéis” em se tratando de protagonismo dentro do processo. Novamente o cenário de ficção-científica é implementado em nosso sub-consciente, fomentando o surgimento de imagens absolutamente furtivas em paradigmas simultâneos!
Mas chega de destacar faixas, pois “Revolving Shores” é SUBLIME em todo o seu intento, surgindo com o status indubitável de obra-prima, porque é realmente SENSACIONAL! Mergulhe em toda a sua complexidade, desde os primeiros segundos da introdução até a incrível encore em “Seashell”, pois cada momento desta viagem imprescindível é deveras ESSENCIAL a sua transformação enquanto ser humano, além da audição imersa e diferenciada como “reza a cartilha” da música ambient. Disponibilizado abaixo:
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