“Dreams Within Dreams”: a descrição do mundo cinza e melancólico de uma mulher abandonada na voz de Ali George

“Dreams Within Dreams” traça uma realidade severamente triste. Deixe-me explicar. Acredito que muitas mulheres, em qualquer parte do planeta, sintam-se exatamente como Ali George, cantor, compositor e guitarrista britânico, exibe em seu lirismo. Um mundo em que o amor não é correspondido e que disputa espaço e atenção com seja lá o que for mais importante na vida do companheiro. Funciona o dia todo, cuidando da casa, cuidando dos filhos, organizando o dia a dia, como se fosse uma máquina, habitando aquele universo sem perspectiva, sem receber nenhum carinho em troca, punindo-se por deixar de lado a autoestima.

Corta o coração, não corta?! E se você olhar para o lado, não precisa ir longe, vai perceber que muitas famílias vivem assim. Muitos casais convivem desta maneira, por algum motivo que desconhecemos.  E mais problemático ainda, é que em alguns casos, a mulher ainda nutre sentimentos pelo parceiro.

“Escrevi esta música da perspectiva de uma mulher solitária, que sente que seu marido a negligenciou ao longo dos anos. Ela se sente invisível e se sente isolada do mundo, condenada a cozinhar e limpar sem qualquer apreço ou interação social”, afirma Ali George. E precisamos enfatizar que por mais melancólico e infeliz que pareça este lirismo, “Dreams Within Dreams” é uma faixa simplesmente arrebatadora para o ouvinte.

Nos ganha sem esforço. Começa arrancando lágrimas (por conta da letra) e vem embalada em dedilhados expressivos, envoltos por uma voz sincera, que entrega sua verdade e delicadamente expressa seus versos.

E temas fortes precisam de intérpretes corajosos, também. Ali George coloca-se neste lugar solitário e contemplativo e nos leva para esta atmosfera, por isso o misto de sensações: “Aonde quer que vamos, tudo o que fazemos, sua mente está em outro lugar e eu não posso chegar até você”. Sentimos a aflição desta mulher e nossa primeira intenção é dar-lhe bons conselhos!

Arte, cotidiano, emoções e música. Que sensacional! Como diria Ferreira Gullar, “A arte existe porque a vida não basta”! Confira o trabalho excepcional, de Ali George. Boa audição.

Quer acompanhar o trabalho de Ali George? Basta acessar os links.

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