Tem gêneros que acabam sendo relegados apenas a nichos específicos em virtude da sua sonoridade, e neste caso podemos creditar o metal progressivo, que sempre alcança na mesma proporção entusiastas e detratores. A grande revolução é quando presenciamos algum artista que consegue “escapar” deste preceito, e conseguir se destacar perante seu conceito independente de rótulos ou qualquer outra primazia.
A visibilidade de público e crítica especializada só aumenta, e o grupo radicado no Novo México, BLIND MAN’S DAUGHTER, alça proporções cada vez mais extensas em suas empreitadas, por um combo precioso de possibilidades brilhantes promulgada: diversificação musical afiada independente do estilo proposto, coesão nesta simbiose prolífera, presença cênica admirável, verve poética de extrema profundidade, e aquela vibração de quem chegou “chutando a porta com os dois pés”!
Apesar do projeto ter nascido na cidade de Albuquerque em 2012, é percebido um vigor emanado no espírito garagero “sangue nos olhos” que muitas das bandas iniciantes trazem consigo, é perceptível todas as qualidades destacadas anteriormente com bastante AMOR em sua prospecção identitária. Isso tudo fica latente em seu mais recente lançamento em formato de álbum, o magnânimo “Sundressed”, um conjunto impoluto de dez faixas realmente INCRÍVEIS! Nós do portal Music For All ficamos profundamente tocados e impressionados com esse material, e iremos esmiuçar abaixo cada uma dessas faixas para vocês.
A abertura “Mirage Harmer” recebe uma dosagem sedutora de intentos eletrônicos em sua introdução, até ser devidamente “atacado” pelo instrumental exalando peso e duelando furtivamente com os vocais magistrais! As mudanças de cadência sempre acentuam prerrogativas atmosféricas que suscitam um elemento surpresa poderoso para o ouvinte, uma espécie de efeito “montanha-russa desgovernada. A sensação é realmente de uma explosão apocalíptica em formato de raro prazer, com os sintetizadores em vários momentos tomando o protagonismo para si. A fundadora, vocalista e compositora Ashley Wolfe arrebata neste cartão de visitas altamente impressionante logo de cara!
“Sundressed” mantém numa atmosfera mais contida os riffs insanos juntamente com a “quebradeira” promovida pela bateria, onde a influência progressiva se mostra mais clássica. E temos mais um belo exercício vocal, com os sussurros declamados trazendo exatamente a tônica do que encontraremos pela frente: timbres suntuosos, feeling exasperado, doses precisas de sofreguidão emocional e técnica em nível elevadíssimo! O recado é urgente, mas altamente contundente em seu desenrolar.
“Saeancer” é bradada como um grito de socorro, onde as múltiplas variações conseguintes adornam toda a diversidade que conspira a favor do repertório do grupo. A guitarra propõe espasmos melódicos em formato de solo realmente incandescente, assim como o contraponto entre agudos potentíssimos com vocalizações que beiram ao gutural. O encerramento ao piano é singelo, nos dando uma espécie de “alento” após toda a explosão propagada.
“Kyhell” tem ecos que mergulham nas raízes mais fidedignas do gênero progressivo, um petardo que poderia muito bem figurar nas prateleiras dos momentos mais memoráveis já induzidos dentro do estilo. O terreno fértil de derivações melódicas realmente impressiona e comove, ainda mais com a interpretação emblemática que fulgura da voz em estado imponente!
A subida abrupta no tom vocal de “Bloodmoon” em sua introdução, parece um prenúncio de subida de temperatura, mas sempre nos surpreendendo temos exatamente o efeito contrário: uma power balad absolutamente irrepreensível em sua condução. Nos remete a momentos antológicos do Genesis, Gentle Giant e Rush, mas sempre exalando personalidade pelos poros, denotando uma premissa artística realmente impactante! Somos devidamente “abduzidos” para um mundo repleto de sonhos que exaure cores das mais vívidas em seu caminhar…
Como um “encadeamento” natural, continuamos em profundidade sentimental ao início de “Days Fall”, mas desta vez o advento METAL dá as suas caras novamente, no mesmo prognóstico multi-facetado e frenético que atesta o praxe da banda do Novo México perante esse tipo de intenção. E novamente ficamos impressionados em como conseguiram levar o prog-metal para outras dimensões, trazendo um novo suspiro furtivo frente ao cenário.
“Dust and Light” desprende camadas etéreas imersas em prognósticos étnicos altamente sedutores, com a narrativa marchando para insights épicos em sua atuação dramática. Só que em meio a gritos dilacerantes, a “chave gira” para um ensejo experimental, amplificado em doce lisergia. Basicamente todas as probabilidades possíveis inimagináveis são adentradas nesta canção realmente MAGNÍFICA em todos os sentidos, com criatividade e técnica tomando as rédeas de um espetáculo de máxima excelência!
“Dust” é uma ode instrumental que mergulha em probabilidades ambient, trazendo minúcias minimalistas para a montagem deste “quebra-cabeças” de sinergia envolvente. Mais um momento de rara beleza em “Sundressed”! E estamos “até o pescoço” nesta jornada sensorial sem precedentes, onde “Nights Fall” nos deixa de “queixo caído”. Sabe aqueles acontecimentos que já nascem com o status de HINO, tamanha a força emanada? Pois é, exatamente o que encontramos aqui!
E este álbum arrasa-quarteirão eclode na fantástica encore “Waves”, que sintetiza toda esta MAGISTRAL viagem sensorial sem precedentes. SENSACIONAL é pouco para determinar o poderio do BLIND MAN’S DAUGHTER! Disponibilizado abaixo:
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