Olha que bacana, este EP contém canções compostas na mansão do famigerado seriado de televisão “Ragnarok”, da Netflix. Para quem não sabe, o seriado norueguês mescla drama e fantasia, e passa-se nos fins dos tempos, quando uma cidade do país é envenenada pela poluição e abalada por geleiras derretendo. A mansão em questão é do artista Terje Gravdal, o responsável por lançar este EP.
Terje Gravdal é um artista versátil, influenciado pelo country norte-americano, do qual ele adapta a sonoridade aos seus trejeitos, que também se inspiram no folk e na música tradicional da Escandinávia, em especial sua terra, a Noruega.
Na temática das canções, ele também encara momentos versáteis, falando desde política, amor, relações, cotidiano, além de ode a natureza, que é a verdadeira paixão do artista. Sempre com equilíbrio, desde a produção orgânica, mas bem lapidada e polida, passando pelas estruturas das músicas e os importantes detalhes nos arranjos.
Intitulado “The Gambler”, o EP reúne cinco canções dos últimos dez singles lançados por Gravdal, então também pode ser considerado uma coletânea e escolhida à pente fino, pois a qualidade inegável do trabalho do artista coloca o sarrafo ainda mais alto. Logo, temos a nata de suas composições neste EP.
Difícil destacar uma ou outra faixa, principalmente nestas condições explanadas no parágrafo acima, mas ainda assim, há músicas que conseguem resumir melhor a proposta do norueguês. Mas, desde já, fica a dica para aproveitar o disco todo, pois em momento algum a qualidade do EP cai.
Com uma inspiração no folk e country ‘old school’, com direito a acordeom e bateria típica, a faixa título é a primeira régua do disco. Dinâmica, a música já nos dá ideia do que se trata e tem a incrível façanha de beber em raízes do estilo, mas soar completamente atual, graças à sua produção primorosa.
Já em “Stay”, do qual o folk ganha um contexto pop, a primeira surpresa, pois a participação especial da cantora Tuva Hidle Gravdal, que faz dueto com o anfitrião e gera uma composição que chega a arrancar lágrimas.
Por fim, “Industrial Workers” é aquela típica composição atemporal, sisuda, mas que mostra que os brutos também amam devido à sua melodia e arranjos delicados. Introspectiva, ela revela ainda mais a versatilidade vocal de Gravdal. Por fim, apesar das distinções de cada uma, fica muito evidente a homogeneidade graças a assinatura do artista em cada faixa. Nos resta ouvir todas!