Só em 2023, o multi-instrumentista George Bolton, de Boston, Massachusetts, lançou 17 álbuns com o Screaming Pope! Isso mesmo, ele não parou de produzir um segundo, entregando trabalhos cheios, não deixando resquícios de lacunas durante o ano que passou. E, desde 2020, foram mais de 20 álbuns, sem contar o single. Prolificidade não é o problema aqui.
Este “Neon Heights” fecha 2023 com tudo que ele sabe sobre música eletrônica e mais um pouco. Sempre mantendo as características, lembrando que uma delas é o fato de o Screaming Pope dificilmente se repetir, o que é uma verdadeira dádiva a qualquer artista.
O Screaming Pope traz uma característica uma pouco mais andrógina em “Neon Nights”, sempre com o foco na música eletrônica e electric dance, porém agregando novos elementos e outros já vistos em seus trabalhos. Por andrógino leia-se algo que não tem uma conotação de direcionamento e pode atingir diversos públicos.
O interessante do novo disco também é o fato de soar ao mesmo tempo nostálgico e moderno, o que pode ser um paradoxo benéfico e que faz com que a sonoridade do projeto seja ainda mais abrangente. Nada melhor que expandir seu som para atingir ainda mais público.
Outro fator que precisamos destacar, além dessa diversidade, é que o Screaming Pope, apesar do trabalho focado no eletrônico, ainda traz uma produção orgânica, sem envernizar muito, fazendo com que seu som não soe pasteurizado. Sem contar que, nos arranjos, notamos a presença de alguns instrumentos orgânicos como baixo e guitarra.
Outro ponto, que é comum no projeto, é que Bolton trabalha com diversos intérpretes, que não são creditados. Provavelmente por serem contratados. Aqui, as linhas vocais femininas se destacan, e caem como uma luva à sonoridade do grupo, sendo outro fator mais claro e identitário do novo disco.
Objetivas, a s quatorze composições de “Neon Nights” são distribuídas em pouco mais de meia hora, mostrando que Bolton sabe explorar tudo que tem em pouco tempo. E essa objetividade é um dos pontos fundamentais para que o álbum não soe maçante, agradando o ouvinte do começo ao fim com sua variação.
A excelente “Moving Star” abre o trabalho com maestria, mas sem direcionar o ouvinte para o que estar por vir. Com leves toques de r&b e soul travestidos de pop, além de flertes com o hip-hop, a faixa conta com linhas vocais masculinas. Obviamente que é uma música magistral, mas ainda não situa o ouvinte, o que faz com que o disco seja ainda mais surpreendente.
“Pedal To The Floor” mantém as características r&b e é a primeira composição a nos revelar uma guitarra suave, que enriquece o arranjo. Melodiosa e sutil, a música se destaca pelo seu refrão encantador, e que traz ‘backing vocals’ muito bem inseridos, que caíram como uma luva.
“Tunneling” traz o primeiro movimento eletro dance, com intensidade e batida frenéticas, mostrando que a viagem aqui será diversificada. Sem vocal, a faixa poderia ser um interlúdio, mas tem mais vocação que isso. “Tall, Dark and Dangerous” traz sintetizadores na linha do gangsta rap e, em um minuto e meio, consegue mostrar mais uma faceta do projeto, com um andamento dinâmico e linhas vocais sensualizadas.
“What It Feels Like”, também de um minuto e meio (na verdade 1 segundo a menos), chega com uma batida intensa, vocais angelicais e sintetizadores que hipnotizam, oferecendo uma veia dançante e com leves grooves. Tudo para ser sucedida para a belíssima faixa título, que é uma peça pop conduzida por um piano e que conta vocais em dueto masculino e feminino, com um clima totalmente romântico e levemente melancólico, com direito a um violino espetacular. Belo fim da primeira metade do álbum.
Com um clima de soul, “Rain Is Pouring” chega arrasando, revelando mais uma faceta do trabalho e versatilidade de Bolton. Talvez seja uma das faixas mais sombrias do trabalho. Enquanto isso, o rap e o hip-hop entram de sola na cativante “If You Wanna Vibe”, que não deve nada a medalhões do estilo, e soa empolgante desde sua primeira batida. Já “When The Beat Drops” chega intensa, mostrando uma mescla de dance e leves toques de afro-beat.
“Devotion” se inicia com elementos percussivos, mostrando uma forte batida, até ganhar sintetizadores climáticos, entregando o que poderia ser uma mescla de trance com R&B. Com uma guitarra certeira, um certo ar introspectivo, “I Want You” chega para arrasar como uma balada espetacular, soando como uma das melhores faixas do disco.
Entrando na reta final “Me Gusta” surpreende com seu ar latino, inclusive com uma levada de bossa nova, provando realmente o que Bolton diz sobre o Screaming Pope ser um projeto influenciado por todo tipo de música. E tudo vira de ponta cabeça novamente em “I Won’t”, composição dance, que dificilmente deixa alguém parado. “The Battle” fecha o disco em mais uma peça de piano, dramática e com o violino de volta. Grande disco e mais um acerto do Screaming Pope!
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