O compositor Ratyński resolveu levar o violão clássico para instâncias mais abrangentes, transgredindo o para muitos considerado rígido circuito mundial do cenário erudito. Muitos artistas desse segmento apostam em preceitos da contemporaneidade como forma de trazer um novo suspiro para uma música tão tradicional, mas o que fica perceptível nas obras em questão é o sentimento que emana de cada acorde, é como se os movimentos “teriam sido escritas há muito tempo, quando o mundo inteiro era verde e o ar estava limpo”, como atesta o autor perante pérolas tão irrepreensíveis em sua condução! O momento vigente tem dialogado em caráter intermitente com a sonoridade ambient/instrumental, e este fator é facilmente compreendido…
Vivemos em uma sociedade de aceleração absoluta em virtude da música ter ocupado o cenário digital. Recentemente foi feita uma pesquisa que comprovou que trinta segundos é o tempo em média que um ouvinte disponibiliza para audição perante os canais de streaming. São muitas possibilidades disponibilizadas, e a facilidade trouxe esta inquietação. Mas temos um movimento incisivo de pessoas buscando uma probabilidade nostálgica de se ouvir canções, e foi nesse interim que o arquétipo instrumental, ambient e também erudito começou a se tornar popular nas playlists, com uma produção incessante de novos talentos surgindo.
Podemos também creditar o período pandêmico como parte desse processo, todos estavam isolados e resolveram partir para a criação artística para extravasar seus demônios internos perante aquele processo tão delicado na história da humanidade. Assim como também ter uma relação de maior profundidade e percepção com a música em si, havia tempo suficiente para isso no isolamento social. E por tudo isso o trabalho de Ratyński se mostra tão necessário, como percebemos em seu mais recente lançamento em formato de álbum, “ConstantAir/See in Green”, baseadas numa balada clássica e numa ária.
Cada uma destas peças impressiona pelo violão nos captar para uma jornada sensorial sem precedentes, exaurindo personalidade pelos poros e denotando uma grandiosa identidade artística! “ConstantAir” nos encaminha para um mundo de sonhos, onde sua inspiração ecológica de um mundo salvo da agressividade dos seus próprios moradores na questão ambiental, seja uma realidade. Ou que retrocedamos no tempo/espaço, movimento esse facilmente adornado pelo hipnótico arranjo dos violões do musicista. “See in Green” trabalha com propriedade o processo de uma atmosfera menos tóxica, e sua propulsão mas intrínseca, promove neste crescente de forma gradativa uma verdadeira sucessão de elementos surpresa para o ouvinte, tamanho os impactos subsequentes. SENSACIONAL! Disponibilizado abaixo: