Bloodlin3: arrebatam com o primoroso álbum rap ” Mercy”; ouça e saiba mais

Se temos um gênero que aportou neste planeta e prova a cada década seu caráter revolucionário, este é o hip-hop. É impressionante como o estilo conseguiu se moldar ao redor dos tempos, sempre trazendo o canto falado com protagonismo e promovendo uma sucessão de mudanças estilísticas impressionantes, assim como a reverberação de novos talentos em caráter incessante.

Sempre nos deparamos com o surgimento de rappers que literalmente sacodem as estruturas da sociedade e acabam influenciando diretamente no cenário pop vigente instaurado. E esse processo gradativo faz com que o principal consumidor seja agraciado: o público! E o resgate entre a nostalgia da época de ouro do gênero (os anos noventa) com a contemporaneidade, é uma das características primais do coletivo Bloodlin3, três irmãos de Paducah: KY. (2Severe também conhecido como Stephen King), Reinman Quiji (que recebe a alcunha Blackrein) e El Paso, TX. (Mallachi, também conhecido como Miggidy). Sua mais recente empreitada é o MATADOR álbum “Mercy”, um suntuoso conjunto de nove faixas poderosas! Vamos esmiuçar faixa a faixa…

Os trabalhos iniciam com a “Intro (Bloodlin3)”, com participação dos vocais e narração de Joyce Woods é completamente experimental, onde camadas etéreas fazem base para um festival de vocais acelerados e distorcidos, nos dando diretamente o recado do que iremos encontrar pela frente: um caminho desconhecido, ampliado em diversificação e carregado de mistérios!

“Execution Day” trafega por um groove bem pesado, onde as vozes em formato de metralhadora giratória repleta de fúria e swing duelam furtivamente com incisões e efeitos de natureza diversa. Parece uma descarga elétrica de voltagem nas alturas que tomamos nessa jornada sensorial, e remete diretamente ao rap da primeira metade da década de 90, onde nomes como Ice T, Public Enemy e Ice Cub foram os maiorais. Mas exaurindo personalidade pelos poros, denotando a poderosa identidade artística provinda do grupo! O refrão é grudento com ares de arena, soando perfeito para ser gritado a plenos pulmões por uma multidão ensandecida. INCRÍVEL!

“Where Did My Homies Go” tem uma aura sedutora que remete ao R&B, e essa cadência amplificada em “malemolência” se torna ainda mais atrativa com o rap declamado “comendo solto”… A alternância entre uma voz sussurrada basicamente “ao pé do ouvido” do ouvinte, tem um contraponto incandescente quando vem uma resposta de vocal mais incisivo e imponente!

Tem um aceno para as pistas envolto em romantismo e sensualidade simultaneamente. Sabe aquelas canções que já nascem com status indubitável de HIT imediato, mediante a força instaurada? Pois é, é exatamente o que encontramos aqui, uma preciosidade!

“Panic Atack” tem a participação de Young Collage, e suscita tensão, como se houvesse uma ameaça frequente no ar durante a audição. É impossível não destacar a força e entrosamento dos vocais: os irmãos no melhor estilo free style, promovem um duelo de velocidade máxima nas rimas, é simplesmente INCRÍVEL nos depararmos com tamanha técnica, ferocidade poética e entrosamento entre as partes. O título realmente suscita todo o temor necessário, fazendo jus!

“Please Don’t Bother Me” mantém certo “encadeamento” conceitual com o registro anterior, transbordando base repleta de peso e mistério, onde soltam energeticamente as rimas com a participação dessa vez de LaRoyce “Rausko” Flemons. O feeling exasperado entre as partes é primoroso, com a junção dos cantos desprendendo doses altíssimas de sofreguidão emocional! As quebradas de cadência resultando em camadas atmosféricas onde os vocais decolam para prerrogativas mais minimalistas, é outro ponto amplamente favorável que corrobora para o sucesso absoluto desta grande faixa.     

“Take Me Away” tem uma base estrondosa, daquelas que o beat bate em nosso peito com tamanha força, que sentimos aquele tremor amplificado em proporções expandidas! Como de praxe até este momento, este trabalho que com certeza estará em todas as listas possíveis de melhores de 2023 ao final do ano, a simbiose de raps promovidos subliminarmente são o grande destaque.

Vale ressaltar a citação do clássico “Just My Imagination” dos The Temptations e eternizada posteriormente pelos The Rolling Stones. MARAVILHA! O clima novamente amplificado em sedução tem a participação das vozes femininas de Jaelyn E e Samantha, além de um saxofone de linhas magistrais na condução da experiência. Todo o processo é incendiado em sensualidade, e novamente a junção de todas essas vozes e o refrão altamente visceral nesta proposta que alterna sussurros e poderosos feeling soul em permeio feminino, funciona em níveis estratosféricos!

“Until I Fall” tem participação de Krizz Kaliko e voltamos a aquela força desenfreada, como se estivéssemos todos em uma montanha russa desgovernada, e a tensão toma conta dos nossos corações. Impressionante a coesão exacerbada entre esses irmãos “mestres de cerimônia” e seus convidados que desatinam categoria em nível espetacular! Mais um petardo rap de níveis épicos em sua condução que alça as instâncias de HINO supremo e merece figurar nas prateleiras máximas de clássicos do hip-hop.

A suntuosa encore com um remix ARREBATADOR de “Execution Day”, conta com a participação do DJ Michael Watts, Bizzy Bone e AC Killer, e promove um encerramento de proporções MEMORÁVEIS! Fatalmente alçará o nome do bardo para dimensões extremas, chegando até os recantos mais inóspitos do planeta, porque é um acontecimento de sentimentos inexoráveis. SENSACIONAL! Disponibilizado abaixo:   

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