Se for por falta de elementos sonoros abstratos, abissais, espaciais e outros que dão ideia de profundidade, a indústria cinematográfica não ficará desamparada. Não que o álbum “Hypothetical Moon” do artista iraelense Hagai Izenberg sirva unicamente para essa finalidade, mas é justamente isso que vem à mente quando escutamos quaisquer de suas sete faixas. Tudo se resume em sons típicos da natureza, no que há na terra, no mar e no espaço. Não procure aqui harmonizações que possam dá origem a melodias, tampouco acordes de instrumentos musicais. Este álbum se resume a uma experiência auditiva que só verdadeiros curiosos são capazes de completar a audição.
Para se ter ideia, a primeira faixa se chama “Discovery” e o resumo da ópera nada mais é que ondas radiofônicas cruzando os ares. Logo mais, algum barulho de rochas sedimentares se mistura a outros tipos de frequência, como se tentassem comunicar com outros mundos. Adiante, outra peça chamada “Grotto” invade a audição trazendo mais elementos, porém algo sugere vida como uma criança brincando em um sótão de piso de madeira com uma bolinha de plástico. De repente, o barulho é ofuscado por um clima tenso de profundidade como se um submarino submergisse em uma jornada.
Por mais que nossa imaginação tome outras direções, o autor resume essa obra como uma espécie de descoberta representativa a planetas e luas improváveis do nosso sistema solar. Isso pode nos levar a um tipo de ficção científica baseada no tempo e espaço, mas a existência de sons da natureza como em “Habitat” nos faz também olhar para dentro de nossa atmosfera. Da mesma maneira, faixas como a enigmática “Subterrain” guiam o nosso pensamento a uma caverna subterrânea como forma de se abrigar de uma tempestade de areia. Contudo, alguns sinais de alerta na execução remota a um perigo iminente.
Entre as faixas do álbum, “Crest” é a mais extensa com seus quase seis minutos de duração. Esta é um conjunto de sons plasmáticos que, ao longo da execução, parece emitir ou receber um sinal mais substancial de algum movimento extraterrestre. Este sinal se torna mais evidente em “Zenith” com uma típica representação robótica e disforme de algum contato. Por fim, “Gyrate” fecha essa que para alguns pode parecer uma odisseia, mas que para outros pode salvar milhões de projetos sensoriais. Resumindo, “Hypothetical Moon” é uma arte sonora abstrata que, tecnicamente, poderá ser utilizado para várias atividades, tais como trilhas e samples.
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