Scoobert Doobert quase perdeu a batalha para uma doença neurodegenerativa chamada Síndrome de Guillain Barré. Trata-se de distúrbio autoimune, ou seja, o sistema imunológico do próprio corpo ataca parte do sistema nervoso, que são os nervos que conectam o cérebro com outras partes do corpo, a musculatura se torna fraca.
Logo, ele renasceu e com isso a gana de compor, o que fez com que se tornasse um prolífico fazedor de músicas, que é o que vem acontecendo desde então. Tanto que este novo disco, intitulado “MÖB”, é o segundo lançado este ano e foi antecedido por “Moonlight Beach”, que saiu em maio último.
Doobert já anunciou que pretende lançar dois novos discos em 2024, inclusive um para 2025 e a sua intenção é trazer trabalhos interligados, que se conectem e entrelacem de maneiras misteriosas. Ou seja, reviver intensamente através da música é um de seus maiores motes.
Este novo disco é uma das partes disto e prova como o artista não apenas compõe por compor, mas sim trazendo música de qualidade. É só ouvir este repertório equilibradíssimo, onde onze músicas, distribuídas em quase meia hora, encantam do início ao fim, transitando por diversos estilos, mas com mote no pop e R&B.
Com uma batida dinâmica e cativante, “MÖB” é aberto pela descontraída “Stories”, um R&B rápido e com sintetizadores que trazem uma sonoridade ingênua e guitarras muito bem encaixadas. A música funciona muito bem como um cartão de visitas e puxa o ouvinte para o restante do álbum.
Outro destaque, “Sunlight” vem com uma veia funk magnífica, com direito a muito groove e um baixo cheio de ‘slaps’. Seu teor moderno a deixa atemporal, mas sem perder a essência e característica do artista, que prima por um equilíbrio dos timbres que realmente dão um diferencial à sonoridade.
Ainda sobre os destaques, não tem como não se hipnotizar com “Department Of Motor Vehicles (DMV)”, que traz a sonoridade de Doobert para um contexto ainda mais pop, porém ser perder a identidade com um fundo R&B e guitarras funkeadas. Aliás, o refrão é simplesmente contagioso (no bom sentido).
É injusto apontar destaques num trabalho coeso como este, mas seria mais injusto não destacar algumas composições que já nasceram como hits, como as mencionadas, por exemplo. Porém, uma audição completa do disco servirá para que o ouvinte conheça os detalhes de cada faixa e ainda aponte as suas preferidas, afinal com certeza não será apenas uma.