Após lançar alguns singles corriqueiramente, o Rosetta West entrega aos seus fãs um trabalho mais complexo chamado “Gravity Sessions”. Esse álbum reúne algumas músicas preferidas dos fãs em uma abordagem mais orgânica e visceral. Para a realização desse lançamento, Joseph Demagore (vocal e guitarra), criador desse projeto, selecionou músicos competentes como Herf Guderian (baixo) e Mike Weaver (bateria) para entrarem em estúdio e darem forma a esse sonho. O local escolhido foi o Gravity Studios, em Chicago, Illinois (EUA), terra do próprio artista. As versões foram gravadas ao vivo e receberam pouco recurso de estúdio para garantirem uma experiência mais crua.

A primeira música do álbum é “Dora Lee (Gravity)” que, lançada há pouco tempo, já toma para si o posto de hit. A versão que está no “Gravity Sessions” possui até videoclipe no YouTube que você não pode perder. Como o Rosetta West é uma banda típica de rock’n’roll, seu estilo varia de acordo com os temas das músicas, mas sempre destaca os timbres saturados da guitarra de Demagore como se fosse um Grand Funk dos anos setenta ou um Greta Van Fleet da atualidade. Assim como boa parte de nomes da época, o Rosetta explora assuntos místicos e psicodélicos.
O segundo som do repertório traz “Suzie (Gravity)”, uma execução pesada como um bluesão impiedoso tocado em baixa afinação. Ao lado de “Dora Lee (Gravity)”, essa canção é um dos grandes singles do disco e também possui vídeo na plataforma de videoclipes. Sua estrutura meio soturna contempla acordes tenebrosos e um solo dedilhado de causar arrepios na espinha. Isso somado à melodia vocal que mais parece o lamento de um cantor de pub barato, complementa o desenho de um quadro sinistro e tenebroso. Todo esse ornamento também recebe muita personalidade de uma cozinha cadenciada e alinhada na marcação. Linhas perfeitas!
Na sequência, “Broken Glass (Gravity)” apresenta mais peso, mas com um pouco mais de cativação em suas linhas. É incrivelmente lindo como o trabalho de guitarra base e baixo se comunica, deixando a obra mais volumosa e com peso característico. Aqui, a bateria também se destaca pela pegada mais solta, embora o leve groove praticado contribua para uma canção mais rechonchuda. Esse encorpamento sonoro já é uma das assinaturas da Rosetta West que combina as suas composições à espiritualidade, misticismo e autoconhecimento. Não é uma mistura que podemos chamar de novidade, mas Demagore e sua turma fazem isso com extrema autenticidade.
Depois disso, entra “Deeper Than Magic (Gravity)”, uma de minhas músicas preferidas pelo baile que o veterano barbudo dá em sua guitarra. O motivo maior é que essa canção possui nuances perfeitas entre uma melodia e outra, artifícios que te transportam em uma viagem arrebatadora. Na audição há dois condutores, as linhas de guitarra que levemente se expandem pelo espaço ou os vocais leves que parecem preparar uma oferenda a algum deus pagão. Ao focar nos efeitos de pedais você tem uma canção psicodélica de proporções congênitas. Se você é uma pessoa que gosta de climas sessentistas, aqui você encontra uma piscina de águas profundas para se afogar.
A relação de músicas de “Gravity Sessions” ainda traz “Save Me (Gravity)” que possui um apelo mais hard rock clássico. No entanto, como toda canção bluesy, ela também possui um tempero mais rudimentar. Isso também se deve, claro, às condições primárias como foi gravado todo o disco. A banda simplesmente tocou dentro de uma sala enquanto botões de gravação captavam o som extraído do vocal e cada instrumento. Por causa disso, você sempre se lembrará de discos antigos de bandas de rock e metal que, durante os anos setenta, gravaram os seus álbuns assim.
Chegando quase ao final do álbum temos “Baby Doll (Gravity)”, uma música com astral mais exaltado, distorções mais presentes e licks de guitarra que versatilizam o estilo da Rosetta West. Embora tudo seja guiado pelos riffs versáteis da música, o clima de descontração que se emprega aqui te faz espairecer um pouco da atmosfera pesada que Demagore investe em sua assinatura. Nesta música em específico, além do perfil ocidental há até alguns elementos de outras culturas como asiática ou do Oriente Médio. Mas isso para você pode se tornar secundário, porém, para quem tem ouvidos mais apurados pegará muito mais referências.
Uma das músicas mais escancaradamente bluesy é “Venous Blue (Gravity)”. Como pode observar, a derradeira canção do álbum tem blues até no nome e é nela que Demagore extraiu todo o seu talento como solista de guitarra. Para alguns essa poderá ser a melhor execução desse trabalho e é perfeitamente compreensível, pois a música cativa, empolga e impõe autoridade na mesma proporção. Mesmo não sendo um álbum que siga os padrões de produção da atualidade, “Gravity Sessions” é um objeto de resgate de verdadeiros músicos que não precisam maquiar o seu som para tocar bem.
Ouça “Gravity Sessions” pelo Spotify:
Saiba mais em:
https://rosettawest.bandcamp.com