Raynald Grenier expõe toda a sua virtuose em uma vitrine sonora chamada “The Compilation Album”

Um artista das dimensões criativas de Raynald Grenier é muito raro de se encontrar hoje em dia. Muito tempo atrás, ainda nos anos oitenta, este grande compositor iniciou a sua carreira como pianista e maestro e assim desenvolveu carreira em lugares como Estados Unidos, Canadá e Europa. Após uma longa jornada participando e regendo espetáculos musicais, Grenier passou a se dedicar apenas nas criações que, até hoje, ornamentam o seu talento. Sua assinatura está marcada em peças de balé, óperas, sinfonias etc. Como artista virtuoso, o homem arranca o fascínio das pessoas com o seu toque de leveza e estilo único.

Onde Grenier encontra tantas inspirações para as suas criações é uma incógnita, mas sabe-se que suas influências vêm da mais pura fineza como Mozart, Beethoven e Mahler. Seu último trabalho em álbum completo, como foi divulgado nas plataformas digitais, é “Beth & Noa: The Ballet” (2021), mas seus lançamentos se estenderam para muito além disso. Neste momento, ele apresenta o seu “The Compilation Album” que, assim como o nome entrega, consiste em um apanhado das melhores expressões construídas por Raynald Grenier até aqui. A primeira música se chama “Dolci Momenti” e é um belo cartão de visitas para o universo virtuoso que virá adiante.

O segundo movimento se chama “The Fortress” e, introspectivamente, é uma música que trilha nossos sonhos e traz a luz onde o escuro se abate. Esse título é elegante, lindo e revela uma elevação na potência que denuncia o seu perfil épico. Uma excelente música para servir de tema para filmes de ficção científica. Por conseguinte, “Doux Instants” dá seguimento às belas texturas de uma música conduzida divinamente pelo piano. Aqui pode ser um dos maiores destaques de Grenier, pois o piano é o instrumento que lhe segue desde os primórdios. Por esse motivo, os dois são tão íntimos.

No seguimento da obra, mais um retrato de seu estilo intimista se revela em “Nostalgia”, que você fã de música sensorial pode conferir no álbum “Dolci momenti” (2020). A melodia dessa música penetra aos poucos o nosso íntimo, invadindo o corpo e acalmando o espírito. Por trás de um título qe remete saudade, a peça é um fio condutor para várias lembranças. Depois disso, “Canon in E Flat” que foi o último single lançado antes dessa coletânea, chega com um perfil mais marcante promovendo um passeio etéreo por notas de violino. Sua construção, além de leve é robusta.

A primeira ópera dessa obra se chama “Requiem – Reprise” e a doçura da melodia corrobora para o espetáculo vocal dos cantores, onde temos dois masculinos e um feminino. Até aqui, essa execução se destaca como um dos melhores momentos desse compilado. Certamente, você escolherá as suas melhores músicas, contudo, essa aqui merece mais audições. O que também não pode deixar de ser conferido com mais atenção é o suspense hipnótico que “Wrath of the Gods” deixa em sua passagem. Essa é mais uma do fabuloso álbum “Beth & Noa: The Ballet” que começa com chamados de trombetas e deságua calmamente em linhas suaves até o segundo chamado.

Após todo clamor e calor da última faixa, “Sonatina in C Sharp” começa a ecoar pela imensidão que envolve nossos tímpanos, com toques leves de piano como se isso fosse trilha sonora para as nuvens bailarem. Esse single que saiu em 2023 não é muito extenso. Possui pouco mais de dois minutos, que é o bastante para fazer você se apaixonar. Na sequência, “Adagio en Sol Mineur” causa em você certo relaxamento por suas melodias brilhantes à base de harmonias bem construídas. Mas prepare-se para receber todo o clima que ela te apresentará.

“Lieder”, que abre a seção de músicas mais extensas, é mais uma execução do álbum “Requiem Mortis Supplicare” de 2018, consequentemente, é a segunda ópera da coletânea. Aqui, Raynald Grenier além de trazer uma mulher para conduzir as emoções, mostra um pouco mais de versatilidade em seu estilo. Já, a música mais extensa do disco que é “1st Movement: In Nomine Patris” do EP “Symphony No. 1 in D Minor” (2022) possui lá os seus mais de oito minutos. Grenier achou esse tempo ideal para transmitir toda a beleza e delicadeza desta que encabeça a trilogia do álbum original.

De todo o arsenal sonoro de Grenier, estava faltando algum tema de “Christmas Eve on Earth Tonight”. O socorro, nesse caso, veio com o tema musical “Maria Mater Dei”, um lindo dueto entre voz feminina e masculina com arranjos de arrepiar e uma serenidade angelical em cada estrofe. E para encerrar esse compilado, nada melhor que a faixa “Epilogue” trazida do disco “Dolci momenti”. depois disso o final chega e a sensação que se gera em nós após conferirmos esse portifólio, é de profunda paz, rejuvenescimento da alma e alegria por saber que nos dias atuais, há um artista de tamanha grandeza fazendo arte em prol da cultura.

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