A paisagem sensorial que abraça o espectador durante os momentos iniciais imediatos é de uma mistura interessante. Além da acidez exuberante que se forma por meio de uma sonoridade sintética, existe, na atmosfera, uma energia curiosamente etérea que vau abraçando gradativamente o ouvinte. Capaz de embriagá-lo com sua cenografia espacial, Stranger Than Fiction é uma obra que, além de se enveredar por um quesito levemente sci-fi, propõe um imergir no campo do inconsciente de maneira tão profunda que a realidade passa a parecer uma pura obra da imaginação.
Não exite outro modo de definir a presente canção como uma obra amorfinantemente delicada. Por meio de sua sonoridade aveludada, ela faz com que o ouvinte vá, pouco a pouco, se despindo de qualquer menção de preocupação, deixando seu corpo se elevar a um grau de leveza que atinge um ponto quase transcendental. Serena e tão confortável quanto a textura de um tecido de veludo abraçando ternamente o indivíduo, a faixa-título se configura como uma composição de caráter fortemente extrassensorial que faz o espectador se sentir imerso em um profundo transe.
Ao contrário do que foi apresentado anteriormente, o novo cenário fornece notas de uma tensão até então inexperienciada. Com uma leve acidez que paira pelo ar, a insegurança é um sentimento que passa a moldar a percepção do espectador perante esse ecossistema ainda enigmático. O interessante, porém, é perceber a existência de nuances dramáticas perambulando livremente pelo cenário conforme a composição vai se desenvolvendo. Ainda assim, o que chama a atenção é o fato de que Machine Uprising mantém, em sua base melódica, a essência serena tida como uma espécie de padrão do som criado pelo FellowFeel.
Post Human Evolution é um álbum instrumental que se vale pela máxima experimentação de texturas e disseminação de diferentes sensações através da criação de diversas sonoridades sintéticas. Ainda que padronizadas em um viés digital de base serena, cada sonoridade traz consigo uma essência que molda a experiência do ouvinte conforme vão se desenvolvendo.
Não é à toa que as primeiras três canções do álbum se destacam. Afinal, elas proporcionam desde o torpor à tensão em uma escala quase linear. Ainda assim, títulos como Lost Signals e sua new wave de caráter levemente oriental, e Cybernetic Dreams, com seu tom etéreo, também merecem a devida atenção. Esses detalhes fazem do álbum um produto transcendental definitivo que vai do sci-fi ao etéreo de maneira orgânica surpreendente.
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