Compositor de muitas obras, mas nunca lançadas, o inglês de Londres, Paul Philip Studer, se viu em uma situação de total desalento que impactou profundamente a sua vida. Por conseguinte, o que Paul passou gerou a decisão de ele compor um álbum, gravar e ainda chamar a Royal Philharmonic Orchestra para participar. Tudo isso aconteceu devido ao falecimento da esposa do cantor, Diane Studer. O álbum que se chama “All My Love”, possui dez canções como a “Budgie”, uma música escrita para voz e piano com alguns solos de sax. Neste primeiro momento, percebemos o incrível talento deste grande homem.
Embora neste comecinho de repertório, Paul Studer mostra influências do jazz, outras canções como “Can You Hear Me” tragam mais qualidades. Seu estilo, no entanto, sempre permeia pela atmosfera da melancolia. Neste caso, entende-se a sua normalidade, pois como dito antes, o álbum trata-se de uma homenagem póstuma ao seu grande amor. Neste caso, sempre serão sentidos aqui climas de serenidade, solidão e ternura misturados a boas performances de orquestrações. Além disso, trechos de instrumentos convencionais como o violão presente nesta música, contribuirão para um tipo de versatilidade intimista, mas eficiente. Deixe-se levar por essa melodia e logo você levitará.
O mesmo violão conduz a semiacústica “I Don’t Miss You”, onde a voz de Paul recebe mais destaque, não por gerar empolgação, mas por seguir em uma sobreposição bem colocada acima dos arranjos. Essa parte, no entanto, é responsável por embelezar boa parte da canção com uma linda cama de arranjos. Mais um destaque nesta e em todas as outras músicas do álbum, deve-se à calmaria promovida pelo cantor e seus convidados. Um dos geradores desse resultado é o conjunto de acordes compostos a cada linha instrumental. Ligados a isso, estão também efeitos de tensão que sobem mais os ânimos no final da canção.
Esses mesmos efeitos, orquestrados de maneira diferente, puxam a atmosfera de “Muddy River”. Esta música, apesar de puxar um pouco para trilhas de cinema, possui um perfil bluesy gostoso. Com textura fina, revelando suavidade e harmonia, a estética é sempre pensada na perfeição. Dessa maneira, é possível você viajar em uma sonoridade clássica e, ao mesmo tempo, sofisticada. Esta música em especial, não possui uma letra tão extensa, mas o seu conceito de harmonia é tão trabalhado que o refrão consegue grudar em nossas mentes. Esse é um trabalho espantoso de um homem que criou tudo movido por amor.
Entre tantas músicas expressivamente sentimentais, “New Born Day” se destaca por ensaiar um pouco mais de empolgação. Suas linhas mais soltas traz um Paul Studer menos melancólico, mas seu estilo ainda segue um caminho introspectivo. De toda forma, a canção é muito bela e, apesar de ela ser a faixa de menor duração no álbum, é bastante rica em melodia e gigante na mensagem. O álbum, que não possui bateria, nem sequer um baixo rechonchudo que extrapole nos graves, tem em músicas como essa o grande valor de uma arte. Já o homem que a compôs, merece mais que reconhecimento.
É interessante perceber que Paul Studer não apenas se inspirou divinamente bem para a concepção dessa obra, como também é importante fonte de inspiração. Afinal, seu estilo único de criar melodias e transformá-las em magias é de uma delicadeza sensorial. A exemplo disso, temos “On My Own” com uma das linhas melódicas mais expressivas contidas em “All My Love”. Aqui, se constata uma força sentimental tão grande que, por analogia, sua estrutura musical se assemelha a obras angelicais ou que nos remete a um plano metafísico onde a mão do homem não alcança. Uma canção realmente profunda.
Sensação igual encontramos em “Storm Clouds”, mas uma coisa devemos citar e que, devido ao nível de melodia do álbum, quase passou despercebida que é a técnica vocal de Paul. Para um artista que só agora lançou o seu primeiro álbum, até que sua performance impressiona pela afinação, equilíbrio e textura. Uma técnica que, nitidamente, sai naturalmente de suas cordas vocais, assim como da própria alma. Em músicas como “To Michael with Love” o soturno cantor não expressa nenhuma forçação, bem como dispensa qualquer recurso de melhoria vocal como programas e plugins de estúdio. Isso dá mais credibilidade ao artista.
A última dobradinha do disco se inicia com “Viking Queen”, uma música com pegada mais épica e orquestrações mais impactantes. Por outro lado, “Yugoslavia”, música que termina o álbum, é mais uma canção doce e com arranjos que harmonizam até mesmo a natureza. Pensando no futuro, seria sensacional se Paul Studer continuasse a escrever e gravar as suas músicas. Um talento tão puro e doce como o dele, merece ser registrado para a posteridade. Infelizmente, o que o fez chegar na decisão de gravar esse álbum foi algo que, em sua vida, nunca cicatrizará. Contudo, esperamos que suas inspirações vão além da dor, perda e saudade. Obrigado por nos mostrar isso, Paul!
Ouça “All My Love” pelo Spotify: