O que se pode esperar de uma criança de 14 anos de idade no mundo da música? Muitos esperariam temas juvenis e performances alegres. Com Ottilie Wallace a coisa é bem mais complexa, pois a jovem britânica compõe, canta, toca violino e executa obras da música clássica, teatro, além de ser estilista de roupas. Em seu primeiro álbum completo “Throughout The Day”, a garota prodígia colocou influências punk e pop em dez canções distintas. Existe algo mais versátil do que essa menina? A primeira música “Waiting On July” te dirá algo mais sobre essa artista que, em poucos anos de trajetória, mostra o seu gigantismo.
Outra coisa que devo mencionar é que Ottilie produz a própria música. Ou seja, este álbum foi inteiramente produzido por ela mesma. Em canções como “Gaslighter” constatamos o seu talento para a voz, embora explore um estilo mais despojado. A seguinte, “Toy”, também não traz complexidade nas linhas musicais, mas mostra certo poder nos riffs de guitarra e condução marcante da bateria. Da agressividade do punk rock a um andamento mais new wave, “Survivor” chega com um clima pesado e meio melancólico. Já se percebe o quanto diferente se torna o direcionamento das músicas conforme a relação.
Na sequência, “Asylum” traz um lado mais melódico da mocinha e, com ele, uma postura mais virtuosa na companhia do teclado. Destaca-se também a marcação suave do baixo, assim como a suavidade da voz em técnicas limpas e falsetes. Seguindo a mesma linha melódica, mas com um clima ainda mais atmosférico, “Icy” aparece como um brilho de luz. Essa música, no entanto, sai um pouco fora da curva, pois exala influências do psicodelismo. “Sugar High At Midnight”, por conseguinte, resgata aquela aura punk do início do álbum com marcação poderosa do baixo, vocal intrusivo e um potente andamento de bateria.
A vez agora é de “Fantasy World”, que nos guia a um estilo de “Alice no País das Maravilhas”. No que se refere à realidade de Ottilie, essa música é perfeitamente suave com um acompanhamento amigo dos teclados e arranjos bem colocados. Uma das coisas mais curiosas que a cantora utiliza é a timbragem distorcida da guitarra que, quando aplicada em músicas como “Rose Gold Sun”, revela um contraste maravilhoso em cima da instrumental. O disco feito de diversidade melódica termina com “I Am Free”, que exalta um pouco mais da qualidade vocal de Ottilie. Destaque ao solo sensacional de violino.
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