É interessante, logo no seu imediato despertar, perceber como é feita a fusão do drama com intensidade. Com os toques eletrônicos e o viés metalizado. Começando com uma doçura dramaticamente melancólica, a canção já surpreende por, em poucos segundos, encaminhar o ouvinte para um ambiente repleto de acidez.
Dessa forma, e em vista da tamanha visceralidade, as lágrimas ganham forma de gotas de sangue escorrendo livremente a partir dos olhos marejados. Entre o choro desesperado representado pelo sobrevoo inquietante da guitarra, o tilintar agudo do piano vem como se fosse uma personagem que tenta recobrar a consciência desse ser em profundo sofrimento.
Do progressivo ao sinfônico, A Million Voices mostra uma sonoridade precisa, consistente e madura, inclusive com o auxílio do vocal, que surge de forma gélida e como se estivesse falando de longe. Por vezes soando como a voz do próprio inconsciente, a canção vem como sendo uma espécie de mantra agoniante de um indivíduo na incumbência de se esconder na escuridão. Uma escuridão que, sem controle ou opção, acaba estando na companhia de várias vozes manipulativas.
Proporcionando uma viagem sensorial e melódica semelhante àquelas oferecidas pelo Hollywood Undead, A Million Voices chama a atenção também pela versatilidade do cantor, que consegue transitar por terrenos vocais limpos e rasgados com grande fluidez. Claro que sem esconder o caos entorpecente que é representado por uma harmonia por vezes grandiosa por conter dulçor, acidez e potência na mesma medida.
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