Nathalie Ballarini Trio divulga seu novo álbum “PleinAir”

A música é algo tão poderoso que pode falar de si mesmo, sem vozes, apenas na forma instrumental. Isso graças à versatilidade e também ao que pode ser proporcionado por essa arte abrangente, que se funde com qualquer outra linguagem. Eis aqui, neste mais novo álbum da pianista Nathalie Ballarini, mais uma prova disso.

Ao lado de Luca Scalambrino na bateria e Jean-Christophe Gautier no Bass Loop, ela apresenta sua nova composição, “PleinAir”. Uma peça intensa de piano, onde elementos do clássico se unem ao despojo de certo ar cinematográfico e intensidade do jazz, revelando uma música dramática e objetiva.

Tudo imposto pela habilidade de Nathalie nas teclas, que não poupa na técnica, mas injeta um feeling que a melodia pode passar de sombria para densa em questão de segundos na mente humana. A faixa fala sobre uma história em que o piano é o principal instrumento que o conduz na natureza, após um incêndio ou uma tragédia, mostra uma resiliência surpreendente, regenerando-o gradualmente enquanto você está ouvindo você pode aproveitar o renascimento.

E isso é somente a abertura do trabalho, que também dá nome ao álbum, já esticando o tapete vermelho para o que está por vir no novo disco de Nathalie Ballarini Trio, como é conhecido esse encantador projeto.

Retomando as rédeas do disco, que traz nove músicas em pouco mais de 44 minutos, a segunda faixa já nos mostra a versatilidade do trabalho dando um giro de 380 graus. Isso porque “Tentaive De Sieste” é um jazz moderno, com um piano sofisticado e o baixo tinindo ao se desprender da linda composição. “Zygote”, por sua vez, mantém a modernidade (isso não significa tendência), com o baixo mais uma vez chamando atenção com seu efeito diferenciado, e o piano soando ainda mais dramático. Mas a surpresa fica para a leve mudança de ritmo, que ganha leves tons da bossa nova na levada bem sacada da bateria.

Falando em bateria, ela é responsável por abrir a misteriosa “SatiRick”. Com um ar percussivo inspirado nos tambores, é uma música que vai progredindo dentro de si mesma, e a primeira que traz um ar maior de trilha sonora. Isso porque ao ouvi-la, nossa mente já se entrega a algo da teledramaturgia. Incluindo quando ela ganha intensidade em sua dinâmica, ficando ainda mais eufórica.

“Tuvaou” traz o baixo mostrando toda sua versatilidade na abertura, enquanto o piano chega com uma dose extra de melancolia. Depois da abertura mais burocrática, ganha contornos de jazz/pop, com uma levada bem interessante e um piano mais acessível, soando perfeitamente como uma música ambiente.

Com a devida capacidade, “Plume” abre a segunda metade do disco. E a faixa traz um autêntico ritmo do jazz, onde devemos destacar a condução da bateria de Scalambrino, que além de preciso, traz uma classe e suavidade que é preciso ter muita sensibilidade para inserir no trabalho. Aliás, “Plume” é outra faixa que destaca a coesão entre os músicos, e o equilíbrio dos instrumentos.

“7 Sens” é outra que revela a influência da nossa bossa nova no trio. Já no início, seu ritmo nos remete ao estilo, mas conforme ganha corpo, revela-se mais uma faixa onde a modernidade propõe lanços com a sofisticação, com um trabalho primoroso do piano de Nathalie (não que isso não seja feito no restante do trabalho).

Destoando um pouco do restante, e não por ser a única faixa a contar com vocais, temos “Nature”. A única cantada do disco, trazendo uma belíssima e suave voz, provavelmente conduzida por sua co-autora Chelsea Ballarini, a canção revela uma veia mais clássica e new wave do projeto, o que surpreende por si só. Atmosférica, a composição também é uma que cresce dentro de si, indo de branda a intensa, de intensa a branda, com uma aura bem sentimental e instrumental com dose extra de dramaticidade.

Enfim, “Presence” encerra o disco sem muita parcimônia, juntando todos os elementos presentes no disco, resumindo bem o que é proposto em “Pleinair”. Tudo com direito a mais um show individual de cada instrumento, com o piano seguindo sua veia sentimental e dramática, o baixo desprendendo-se saindo do habitual com suas linhas, e a bateria explorando cada vez mais o jazz moderno, que parece ser uma característica de seu mentor.

O que deve se ressaltar com este novo disco de Nathalie Ballarini Trio, é que estamos diante de uma obra onde cada detalhe não pode ser descoberto apenas em uma, duas ou três audições. A impressão que se tem é que toda vez que o disco for ouvido, daqui pra eternidade, descobriremos novos elementos, e até novos sentimentos, pois a musicalidade que o disco traz pode mutar de acordo com o nosso humor no dia. Então, estando preparado ou não para ouvir o trabalho, o ouvinte irá sempre se deparar com uma sonoridade rica, muito bem executada e para todos os públicos.

https://soundcloud.com/nathalie-ballarini/02-7-sens

https://www.nathalieballarini.com/

https://open.spotify.com/artist/6o140wqDupcNkpTmlOIotX

https://www.youtube.com/@nathalieballarini2129

https://www.instagram.com/ballarininathalie/

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