Morena Collections | Com seu novo EP, Alex Forte explora temas como identidade e auto-aceitação

É interessante e até feliz perceber quando uma composição consegue explorar compasso, fluidez, sensualidade e notas de um singelo frescor de maneira equilibrada e envolvente. Inclusive, a forma como Carnaval é construída consegue disseminar, no ambiente, uma curiosa menção de melancolia que captura a sensibilidade do ouvinte de imediato. Necessário pontuar que, nesse ínterim, o timbre agridoce e afinado de Alex Forte consegue oferecer uma beleza singular à obra ao mesmo tempo em que promove imersões em meio a um profundo estado de torpor.

Puxada por uma camada rítmica curiosa, envolvente e de nuances nativas, a composição explora uma sensualidade de caráter mais excêntrico em virtude das sonoridades e texturas aqui obtidas. Contagiante, Amazonas traz consigo, conforme amadurece, um protagonismo que é totalmente depositado tanto no timbre quanto no conteúdo lírico ofertado em meio à cadência rap trazida por Forte.

Através de sua sonoridade entorpecidamente sintética, a canção propõe o contato direto com o veludo envolto em uma penetrante noção de morfina. Enquanto o frescor toma a forma de uma sensualidade brevemente hipnótica, Bizarre Ride chama a atenção por conseguir levar o ouvinte a vivenciar ímpetos de uma embrionária psicodelia através de sua experimentalidade sonora.

Ele não é um EP de rap comum. Afinal, o material não se deleita em crueza ou brutalidade. Morena Collections é um produto que se baseia, primeiramente, na sensualidade. Desse detalhe em diante, o material convida o ouvinte a interagir com o frescor e com a delicadeza, atributos frequentemente em contato com ímpetos marcantes de torpor.

Melódico e com compassos rítmicos envolventes, o extended play chama a atenção, também, pela profundidade de suas camadas sonoras. Ainda que tais questões sejam mais evidentes no decorrer de seus três primeiros títulos, Morena Collections é, como um todo, um EP para se prestar atenção da maneira devida. Isso porque, no mínimo lapso de desatenção, o ouvinte pode perder o elo entre o som e o conteúdo verbal, o qual oferta um caminho linear entre temáticas como identidade, autoaceitação e a conexão cultural através das lentes afro-diaspóricas.