Qualquer estilo de música que seja, se um artista chega com uma proposta que mostre sua identidade, mesmo sem reinventar nada, e uma dose extra de energia, dificilmente algo dará errado. Principalmente em se tratando de um álbum, já que estamos diante de algo que requer mais tempo e atenção.
Com certeza, o rapper Miuzi sabe disso e se não sabe, acerta em cheio ao lançar seu mais novo disco, “INTEGRAL ASSAULT”, que acaba de sair do forno e traz esses quesitos. Trabalhando firme no cenário do rap, ele traz um repertório enérgico e cheio de personalidade, que empolga desde a primeira audição.
Além de trilhar por diversos caminhos do rap, Miuzi acerta em cheio por fundir o estilo com outros gêneros e subgêneros, dando uma versatilidade que torna a audição do disco mais do que prazerosa. Tudo com objetividade, afinal de contas são 14 faixas em pouco mais de 34 minutos, facilitando ainda mais a tarefa.
O disco começa simplesmente com “FLY LITTLE BIRD”, que já conta com elementos do folk e da música clássica em sua introdução espetacular, com uma voz feminina que encanta (o que torna corriqueiro no disco), se transformando num rap contagioso (no bom sentido) e atemporal.
“POW POW”, um dos principais singles do disco, prima por trazer um flerte claro com funk e até mesmo samba (pode acreditar), se aproximando muito do que nos acostumamos a ouvir no hip-hop nacional ultimamente. Enquanto “GOLD” traz uma organicidade empolgante, com seu ritmo que cativa e a vibração estonteante do baixo.
O rap ‘old school’ pede passagem em “GROUND”, que conta com um beat, no verso, que vai arrancar lágrimas dos mais saudosistas, além de uma guitarra extra e mais uma inclusão precisa de vocal feminino, descambando para um pop soul de dar arrepios.
Ainda podemos mencionar como grandes destaques, as faixas “SEX SELLS (INTERLUDE)”, um funk soul que deixaria James Brown orgulhoso, além de “LOVESICK”, um dos raps mais intimistas do disco e também com ar atemporal, apesar da estrutura bem enraizada.
Como tema, “INTEGRAL ASSAULT” traz em suas letras denúncias de falsos profetas, parasitas da indústria ou o colapso da identidade, mostrando que liricamente é mais violente que em sua sonoridade, causando um bom contraponto. Fato é que estamos diante de um disco que conquista qualquer ouvinte desde a sua primeira audição, seja ele amante do rap ou de qualquer boa música, pois não se mantém fechado.