MITA Festival: confira primeiro dia de festival em São Paulo

O MITA (Music is the Answer) foi criado em 2022, mas já se tornou uma potência quando se fala de festivais de música. Sua segunda edição aconteceu no Rio de Janeiro e São Paulo trazendo grandes atrações e nossa redatora Tamira Ferreira esteve na edição paulista e irá te contar tudo.  

Crédito Ariel Martini

A minha impressão sobre o festival em São Paulo já começou muito antes do dia chegar e várias reclamações sobre o local escolhido, o Novo Anhangabaú, foi tomando as redes sociais do evento por medo de assaltos que ocorrem com frequência na região, porém foi prometido que teria segurança para quem estava dentro do festival e para as pessoas que estavam indo e voltando do metrô. Eu acho que nessa parte foi tranquilo, não ouvi falar de casos de assaltos e era realmente possível ver policiais na redondeza e perto do metrô.  

Na verdade, a questão do Anhangabaú é um problema político e social que precisa ser resolvida de outra forma, não reclamando de um festival, mas isso é outro assunto. No geral, eu gostei que os festivais hoje em dia estão saindo do único local que era possível se ver um evento e estão tomando a cidade. Isso pode até ser algo bom politicamente para ver se a prefeitura e o governo façam algo sobre o centro de São Paulo que é lindo, mas está abandonado.  

Também teve a questão de muitas pessoas postarem sobre estar vendo os shows do lado de fora e até zombando de quem comprou ingresso. Isso, na verdade, não afeta ninguém porque mesmo tendo a oportunidade de ver do lado de fora, não é a mesma experiência de estar lá dentro vivendo tudo aquilo. Tiveram até momentos bem legais como o show da Duda Beat e do Djonga com o BK que era possível ver muitas pessoas do lado de fora cantando junto e curtindo a nossa música brasileira.  

Mas vamos começar com o primeiro dia: 

Os portões se abriram por volta das 11h em um dia ensolarado, mas não muito quente, o que era perfeito para quem iria ficar horas por ali esperando para ver seu artista favorito.  

A primeira a se apresentar foi N.I.NA, a grande aposta da Deezer que já iniciou no palco de mesmo nome e apresentou seu rap cheio de estilo e deu a letra para quem estava ali já entregando seu estilo e personalidade para todos. A cantora também surgiu com uma roupa com escritas “bruta” e “braba” que descrevem muito bem a rapper e sua música. 

Créditos: Brunno Kawagoe

Mantendo a energia lá em cima veio Avuá que convidou Rodrigo Alarcon para tocar um MPB delicado, sofisticado e que incorpora muito bem a nossa cultura e o povo brasileiro. Também era possível ver dancinhas no melhor estilo tiktok que os artistas faziam em cima do palco e ensinavam o público os incentivando a acompanhá-los. Até mesmo quem não conhecia a atração conseguiu se divertir e curtir o momento.  

Crédito: Gabriel Siqueira

O cenário de fundo para toda essa explosão musical era a cidade de São Paulo e as grandes arquiteturas da cidade entregavam a beleza urbana da cidade. 

A primeira atração do Palco Centro foi a cantora e atriz francesa Jehnny Beth que nos entregou um show intenso e teatral em um estilo que passa do Lo-Fi ao pós-punk. O calor e a energia contagiante do público foram o suficiente para deixar a cantora confortável que entregou tudo em suas performances e cantou até em cima da plateia a canção “We Will Sin Together”. 

Crédito: Ariel Martini

Com o fim do show de Jehnny, era hora de correr de volta para o palco Deezer e acompanhar uma das atrações que eu mais queria ver, ninguém menos que a pernambucana Duda Beat.  

Antes mesmo dela entrar no palco, os fãs já estavam posicionados e gritavam a cada movimento em cima do palco com a entrada dos músicos e depois das dançarinas de Duda. Já quero começar dizendo que estava obcecada pelas dançarinas que traziam um contemporâneo com diversos passos de Vogue dando ainda mais charme para o show.  

Crédito: Gabriel Siqueira

Duda entra com um belíssimo look vermelho que mostra todo o seu poder de artista pop, mas também remete muito a sua cultura do nordeste e entrega a personalidade da artista.  

Sobre o show, Duda Beat é um estouro de carisma e bom humor, já no começo ela falou que iria conversar pouco porque o tempo era curto e que ela queria cantar muitas músicas. Também disse depois que dançar e cantar não é fácil, mas que ela gostava de se desafiar e que ali não fazia playback. 

A cantora está a um tempo fora dos palcos para focar na gravação de seu novo álbum, mas ela disse que teve que abrir uma exceção para o MITA pois era seu sonho estar ali e que amava tocar em São Paulo.  

E o público não decepcionou cantando todas as músicas e dançando junto com a artista.  

Voltando para o Palco Centro, estava tocando BadBadNotGood, um grupo canadense de música instrumental com muita qualidade e uma melodia envolvente, mas que, particularmente, eu achei um pouco fora da proposta do festival e acabou quebrando com o clima animado dos shows anteriores.  

Crédito: Ariel Martini

Mas falando em ânimo, o próximo show do Palco Deezer que contava com Djonga que convidou BK foi o que mais teve naquele momento. Era possível sentir no chão e nas paredes a vibração que o som emitia e aquele energia contagiava a todos que estavam ali.  

Crédito: Gabriel Siqueira

Mas além de diversão, as canções dos rappers eram verdadeiras e narravam a vida do povo, principalmente de pessoas negras e trazendo o acolhimento para todas a minorias. Mais perto do fim, eles chamaram casais de diferentes sexualidades para subirem ao palco mostrando e celebrando o amor. 

Teve também o momento em que cantaram parabéns para Djonga trazendo um bolo para o artista que não perdeu tempo em enfiar o rosto nele e se sujar inteiro.  

Parecia que estávamos em casa com nossos melhores amigos e nos divertindo.  

Quando passamos para o Palco Centro, já era possível ver os fãs se acumulando e achando um lugar para conferir a atração principal, mas naquele momento quem mandava no show era o DJ Flume com um eletrônico que se mistura com pop e sempre acompanhado de cantoras que davam o charme e a interpretação para suas canções. Era um momento de dançar e curtir a noite fria que estava surgindo após o sol nos deixar.  

Crédito: Ariel Martini

A última atração do Palco Deezer era a banda de reggae nacional Natiruts.  

Se você não é fã desse estilo de música, mas já passou dos 30, com certeza, você conhece as músicas do Natiruts. Eu mesmo conhecia várias e me lembrei muito da minha época de faculdade que essas canções tocavam com frequência.  

Crédito: Brunno Kawago

E os fãs não deixaram por menos e cantavam todas as faixas, dançavam e ficaram até o fim do show curtindo com a banda que nos entregou toda a nostalgia desses quase 30 anos de carreira.  

Era hora de se preparar para acompanhar a atração final da noite no Palco Centro, e os fãs de Lana Del Rey já estavam ansiosos para ver ou rever a cantora e com grandes expectativas para o show.  

Mesmo com o atraso de 40 minutos, o público não perdeu a ânimo, havia fãs que chegaram mais cedo e ficaram na grade durante todo o festival esperando por ela, quase um dia inteiro.  

Era possível ver um belíssimo cenário com balanço, uma penteadeira e muitos outros elementos que davam um clima intimista, mas ao mesmo tempo grandioso para o show. Era muito agradável observar cada detalhe do show e como tudo se conectava.  
Quando o show realmente começou, um público que lotou o festival estava enlouquecido e cantando a plenos pulmões todas as músicas. Em “Young and Beautiful”, Lana entra com os cabelos presos e um vestido preto mais simples, mas mesmo assim era impossível não admirar a beleza da cantora que canta afinadamente e trazendo diferentes nuances para sua voz, mas com um jeito meigo e delicado.  

Crédito: Ariel Martini

Depois ela se senta em sua penteadeira e começa a se arrumar com a ajuda de outras pessoas que vem soltar seu cabelo, penteá-lo, arrumar sua maquiagem e ela também faz um troca de roupa dentro de um trocador que é segurado por suas bailarinas. Pode parecer uma ação simples, mas é tudo feito de uma forma muito primorosa e artística. Eu mesmo fui dominada muitas vezes pelo show, vendo Lana cantando, que eu parecia estar enfeitiçada por sua beleza e voz.  

Após essa troca de roupa, Lana aparece com um vestido todo estampado e rodado que dão ainda mais o jeito meigo da artista.  

O setlist contava com hits de diversos momentos de sua carreira e nos telões era possível ver cenas de videoclipes e imagens de Lana durante as eras de suas músicas. Você pode conferir o set completo abaixo. 

Suas dançarinas também eram uma grande parte da atração que interagiam com a cantora e preenchiam o palco com estilo e beleza.  

Crédito: Ariel Martini

E o público reagia da melhor forma possível, cantando todas as músicas e gritando “nós te amamos” para Lana, ela respondia agradecendo e dizendo que também os amava e soltando risos tímidos durante as canções. Próximo ao final, Lana desce para a grade e começa a beijar o rosto de alguns fãs e tirar selfies com outros.  

Mesmo com um longo setlist, Lana acata os pedidos dos fãs e canta “Get Free” e “Cinnamon Girl’ que não estavam orginalmente planejados para o show.  

Lana termina o primeiro dia de MITA sentada em um belíssimo balanço e cantando “Video Games” que levaram os fãs a loucura e com um gosto de quero mais. 

https://www.setlist.fm/setlist/lana-del-rey/2023/novo-anhangabau-sao-paulo-brazil-33a6bca1.html

Sigam a Music For All para conferir como foi o segundo dia de MITA que sairá em breve e mais resenhas de shows, além de conhecer novo artistas de diferentes estilos. 

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