Micheal Lyon entrega a alma em seu quarto disco “What Could Be”

Naturalmente que, à primeira instância, as influências musicais de alguém vem do contexto estético e estrutural da música. Depois as letras, neste caso pode vir juntamente com o primeiro, e ali na frente, depois do aprofundamento, vem a questão da inspiração ideológica e até mesmo pessoal que um artista pode influenciar.

É bem legal quando o artista norte-americano Michael Lyon cita o que o inspirou a fazer música. Medalhões como Lennon & McCartney, Bob Dylan, Paul Simon, Joni Mitchell, Cat Stevens, entre outros e, especialmente neste disco George Harrison, do qual ele se inspirou em uma entrevista sua para uma rádio, quando o beatle disse que o importante é “faça o que fizer, continue escrevendo músicas, que você vai melhorar nisso”.

Logo isso faz com que “What Could Be”, quarto disco de Lyon, seja uma evolução natural de seu talento e é considerado por ele mesmo como seu melhor trabalho. Não só por ser o atual, mas por também seguir a premissa de Harrison. E ele tem razão, mesmo que este fosse seu debut, pois estamos diante de um disco muito bem feito, versátil dentro de sua proposta e principalmente equilibrado. Tudo por conta do músico, que trabalhou com o produtor Paul Horabin.

Para quem começou a lançar trabalhos solos em 2015, Lyon está bem avançado no que propõe, independentemente de sua experiência anterior. E o mais legal é que ele consegue soar atemporal, mesmo carregando inspirações sessentistas e setentistas, das quais ele incorpora alguns elementos, mas não cai na armadilha de deixar que sua música somente emule isso. Pelo contrário, ele consegue entregar algo característico e com identidade.

E o músico de Torrance, na Califórnia, apostou alto. Entrega 14 faixas distribuídas em pouco mais de 45 minutos, sempre sendo objetivo, numa sonoridade simplista, na maior parte com voz e violão, incrivelmente não deixando a peteca cair e mantendo uma dinâmica muito boa no álbum.

O folk é seu principal mote, mas não simplesmente pela proposta voz e violão que Lyon impõe. Num geral, ele entrega diversas facetas do estilo, mas ainda assim flerta com o pop, clássico e até o rock, sempre com equilíbrio e climas variados, que só enriquecem o contexto do disco.

Com sua introdução objetiva e ingênua, “Sunrise” abre o disco de forma primorosa e descontraída. Com um trabalho intrincado de violão e uma percussão discreta acompanhando, a faixa parece te convidar para essa viagem tranquila e reflexiva que é “What Could Be”. Já “Wanto To Be A Flower” ganha um ar levemente mais sério, porém não chega a ser introspectiva. Ela revela a versatilidade vocal de Lyon, que canta um pouco mais grave.

“Love” é a primeira composição que traz influências da maior inspiração do artista, os Beatles. Com um trabalho vocal mais cheio, com ‘backings’ e dobras, e melodias celestiais, a canção traz o teor de uma balada britânica sessentista sem forçar a barra. “How Long It Takes” segue sua antecessora, porém com um ar mais sombrio e introspectivo, porém apresentando um trabalho vocal esplendoroso.

A música clássica e um piano ‘sacana’ pede passagem em “Justice Day”, que tem um ritmo cômico e aumenta ainda mais a versatilidade do álbum. “Bounce Back” apresenta uma influência não mencionada pelo artista, porém mais uma vez, apenas surge como efeito e não fato. Afinal, a levada, o trabalho vocal e os violões dinâmicos, trazem à tona Simon & Garfunkel, o que não é nada mal, não?

Logo, “One Man’s War” deixaria Bob Dylan orgulhoso, pois é um autêntico e muito bem desenvolvido folk setentista, inclusive com seu ritmo levemente quebrado, melodia discreta e vocais quase recitados. “How Much More” não foge da premissa, mas ganha contornos muito mais descontraídos, e as bases são maciças, apresentando violão com cordas de aço e linhas vocais ainda mais enérgicas. “Big Dream”, com vocais dobrados, fecha essa trinca maravilhosa, com seu ar todo reflexivo.

A intensidade do ritmo retorna com “Carried Away”, que tem uma base mais rápida e uma melodia interessante. Enquanto isso, “Rain Or Shine” traz uma leve dose melancólica e romântica, sendo uma das mais sombrias de “What Could Be” e que abre caminho para o encerramento. Se você gosta de Crosby, Stills and Nash, ou até mesmo dos genéricos do America, sem dúvidas irá se encantar com “Try It On”.

Seguindo firme para o final do disco, que passa voando pela sua qualidade ímpar, “Family Tree” ganha um violino discreto, mas fundamental em suas entranhas, soando quase como uma trova. Logo, chega o dedilhado mais belo do disco com a faixa título, que devagar fecha as cortinas com um folk sombrio, mas não triste e sim com um tom de adeus, onde Lyon parece entregar toda emoção que emana.

A realidade é que o conjunto da obra de “What Could Be” pode nos apresentar detalhes em cada audição do trabalho, mas que de imediato desperta a atenção pelo fato de ser um disco de folk acima da média. Sem dúvidas Michael Lyon é um artista melhor a cada disco.

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