Michael Friedinger: pianista alemão lança primeiro álbum solo

Trabalhos instrumentais já têm que ultrapassar a barreira do costume dos leigos em apreciar música com vocal. Quando feitos sem o foco em um instrumento em específico, parece que levam certa vantagem. Sabemos que guitarristas há aos montes apostando em sua virtuose, logo em seguida baixistas também, no entanto, tecladistas é algo mais raro.

Apesar de não focar somente no teclado, mas também no piano, o alemão de Stuttgart Michael Friedinger finalmente lança seu desafio, com seu primeiro disco, este “Between Chairs”, que acaba de sair do forno. ‘Finalmente’ porque Michael é um músico experiente e já passava da hora de ele expor todo seu talento em um formato solo.

Afinal de contas, ele teve suas primeiras aulas de piano aos 15 anos de idade. Estudou nas academias de música de Trossingen, Nuremberg e Stuttgart nas disciplinas de música escolar, jazz e composição/arranjo com piano como matéria principal com Paul Schwarz, Bernd Hufnagel, Frank Sikora, Klaus König e Prof. Martin Schrack, entre outros.

Michael já trabalha como répétiteur de canto jazz e professor de piano jazz. É pianista da Orquestra de Jazz Juvenil do Estado de Baden-Württemberg, dirigida pelo Prof. Konrad. Pianista e tecladista do Coro Evangélico Juvenil do Estado de Baden-Württemberg.

Também é tecladista dos musicais Stage Entertainment 42nd Street e Mamma Mia. Já fez workshops e masterclass com músicos renomados, incluindo Michel Camilo, Marcus Miller, BobMintzer, Christian Jacob, Dave Taylor, Bobby Shew, Peter Herbolzheimer.

Tocou em países como Itália, Holanda, França, Suíça, Polônia e outros lugares com artistas tão diversos mais. E, a cereja do bolo, foi ser suporte para estrelas como Joss Stone, Maceo Parker, Earth Wind & Fire Experience, além de reunir gravações para programas de TV e afins.

Não é à toa que ele chega já mandando ver com seu debut, que contou com a participação de diversos músicos, dezenas aliás, que seria injusto aqui mencionar e acabar esquecendo um ou outro. Fato é que nas 12 composições, distribuídas em quase uma hora, ele destrincha o melhor do fusion e jazz instrumental agregados à música cubana, brasileira, com uma precisão e coesão impressionantes.

O disco abre explosivamente com “The Swuffle”, uma composição moderna e dinâmica, onde Friedinger explora diversas camadas do teclado com ênfase no órgão e piano, contando com apoio de uma guitarra magistral. A música tem muito cara de abertura, inclusive podendo ser tal em qualquer programa de TV de entrevistas.

É seguida por “Cool Breeze”, que tira um pouco o pé, mas sem deixar a peteca cair. Aqui o piano é que conduz, com uma camada clássica de teclado ao fundo. Música ambiente onde o jazz moderno aparece mais. Com um saxofone certeiro e mais objetividade, “Isipisi” é mais uma onde o músico aposta no órgão e conta com uma cozinha que aprece mais poderosa do que nunca.

“Um Beijo” (isso mesmo, em português) não poderia ser diferente. Abraça de vez a bossa nova, mas toda envolta com um jazz que deixaria Tom Jobim orgulhoso. “Time Together With You” traz outro show dos metais, com dobras interessantes de sax, que a deixam uma das mais vibrantes. Mas, é bom reparar no baixo que enfatiza isso, tendo uma cara mais livre na canção.

Chegando na metade do disco “Bug-A-Loo” é a primeira faixa que destaca mais a música latina, com influência da cubana, sendo uma mescla maravilhosa de bolero, charanga e jazz. “Come A Little Bit Closer” chega com um ar mais alternativo e moderno, mostrando um trabalho belo de bateria. Essa modernidade ainda consta em “In Fight”, mais uma com uma aula de baixo, onde o funk fala alto, inclusive com o ‘groove’ típico.

Entrando na reta final, “Bahia Nights” mescla toda influência externa de Michael, com bossa nova, música latina e um trabalho percussivo viciante. O funk retorna em “Junior”, com uma cozinha ainda mais dinâmica e sucinta. Enquanto em “Kindred Souls” os metais explodem junto com o órgão de Michael, já nos deixando um ar de despedida.

E, falando em despedida, temos que exaltar a ótima escolha por “You Are My Home” como a derradeira. Trata-se de uma canção que sai um pouco do contexto do disco por ser branda, um pouco melancólica e mostrar uma veia mais clássica do piano de Michael.

Alguns adendos de “Between Chairs” que, em uma tradução livre, significa ‘entre cadeiras’. O nome se dá pelo fato de Michael Friedinger gostar de sentar em cadeiras de posições diferentes. Ele usou essa analogia pelo fato de estar sempre em movimento nos aspectos musicais, não se acomodando.

Outro fator preponderante é que, apesar do foco nos teclados e piano, em momento algum ele sobrepõe os outros instrumentos, pelo contrário, às vezes entregam o protagonismo, fazendo com que o debut seja realmente um disco musical, dedicado a quem gosta de apreciar uma boa música e não exacerbação técnica. Que disco maravilhoso!

‘discovered and supported via Musosoup #sustainablecurator’

https://open.spotify.com/artist/3NN9LlAS4JyDlpVluldIlx

https://www.youtube.com/@mfriedingerkeys

https://www.instagram.com/mfriedingerkeys/

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