À frente do Maverick Smith, o músico Sean Boynes reuniu alguns artistas que, até hoje, fazem diferença no mundo do rock. O resultado foi perfeito, a começar pelo título “With Friends & Imperfections”, que remete a uma grande confraria. Contudo, não se trata de um disco para se promover e, sim, um trabalho colaborativo que angaria fundos para a instituição Harmony Health Foundation. Dentre os convidados, se destacam as presenças de Ken Stringfellow (The Posies, Big Star, R.E.M.), Paul Santo (Aerosmith, Ringo Starr), Lorne MacDougall com sua gaita de fole, além da cantora Susannah Lee. Diante deste time, não teria mesmo como saísse errado.
Originalmente, a ideia é captar a essência de uma música orgânica, sem truques de estúdio etc. Deu certo! A primeira faixa “Holding On”, com Stringfellow, já nos desperta a uma percepção bem natural com empolgação e naturalidade. Riffs com boa distribuição e uma cozinha sempre marcante, a canção que abre o álbum possui um dos melhores refrãos. Na sequência, “Do I?” assume o papel de cultivar o clima alto-astral com suas linhas melódicas. Bem cadenciada, a música soa fácil aos nossos ouvidos permitindo um bom acompanhamento do fã ao cantá-la. Se a intenção era levar a magia do palco para os estúdios, “Let’s Leave” se encaixou muito bem na proposta.
Na sessão mais ritmada, “Break My Heart” representa a ótima condução de harmonia. A música, na verdade, puxa um pouco ao punk rock com direito à gaita de MacDougall, protagonizando ótimo solo. Sem deixar desanimar, “Spookshow” recebe a responsabilidade de agitar o ouvinte, e o faz com maestria. No entanto, “Through This Tonight” retorna com aquele clima mais cadenciado, embora quente. Nesta área do álbum, onde Susannah é absoluta em sua presença, é onde provamos mais da melodia construída pela banda, ou seja, pelo Boynes, já que é dele a autoria de tudo que existe aqui.
A trinca final de “With Friends & Imperfections”, se adianta com “For the Kids”, uma canção simples, mas marcante. O disco que foi pensado para soar como jam entre amigos, encontra em uma música como esta, talvez um belo hit. No entanto, “Health and Politics” com um suporte sensacional do baixo, também pode seguir nessa disputa por seu estilo meio Beatles. Aliás, “Dirty Teeth” também dispõe dessa influência, mas com um pouco mais de despojamento. Para finalizar, “Thinking of You” completa o festival de emoções. Uma obra como essa, onde pessoas com limitações intelectuais são contempladas por meio da arte, é para merecer destaque na história.
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