Mari Dangerfield: entrevista sobre carreira, o fenomenal recente EP “Eco-Fever” e muito mais

Recentemente, uma das artistas mais multi-facetadas e incensadas do panorama musical mundial, a londrina Mari Dangerfield, lançou seu arrebatador novo trabalho, o EP “Eco-Fever”. O videoclipe “Ruins” é um acontecimento sublime que muito impressionou a todos nós, e chamamos a cantora e compositora para um papo com o Music For All para contar sobre isso e muito mais (carreira, curiosidades, etc), numa entrevista INCRÍVEL conosco, disponibilizada abaixo:

1 – Sonoramente você faz uma ponte nostálgica do synth-pop com elementos da contemporaneidade, além de fortes ensejos conceituais. Essa é a sua identidade musical primordial?

R. Acho que não consigo definir minha identidade nesse sentido. Há algum tipo de fio condutor na minha música em termos de som, especialmente mais recentemente, mas acho que parte permanece tênue…

2 – O incrível videoclipe de “Ruins” mostra uma presença cênica sua INCRÍVEL! Será uma constante a teatralidade para solidificar seu trabalho? Como surgiu as ideias para o processo do vídeo, nos conte um pouco!

R. Obrigado! Sou fã de David Bowie e do mundo do teatro musical e, com certeza, recebi influência de ambos em projetos anteriores. Não tive muito tempo para pensar em como faríamos o vídeo antes de fazê-lo, mas Nick, que me ajuda com o marketing, sugeriu a ideia de decadência e um cemitério, o que me inspirou a fazer um hiper-túmulo futurista para o planeta Terra feito de uma velha caixa de pizza. Também tivemos a bela localização de Brean Down Fort, onde demoramos para chegar e eu me perdi um pouco, mas era perfeito porque era um local em ruínas.

 3 - Você trabalha de forma totalmente independente, tomando as rédeas de todos os passos possíveis em suas produções (escreve, grava, arranja e edita). Confortável em continuar nesse ritmo ou existe um plano de parcerias
para o futuro?

R. Não sou totalmente contra a ideia de trabalhar com outras pessoas. Na verdade, foi de grande ajuda para mim, especialmente no início da minha carreira, e meu amigo sempre me ajuda a encontrar sons interessantes em instrumentos que pego emprestado. Posso ficar um pouco preocupada com certas coisas quando se trata da minha própria música, mas estou aprendendo a me adaptar com o passar do tempo. Há uma beleza em colaborações que criam sinergias.  

4 - Seu atual EP ("Eco-Fever" ) é um manifesto tocante de denúncia referente as mudanças climáticas que o planeta vem sofrendo. Pretende continuar com mensagens panfletárias em outros projetos conceituais?

R. Certamente escrevi mais músicas sobre mudanças climáticas e outras questões urgentes. No momento, sinto que terminei esse capítulo, mas resta saber se os liberarei.

5 – O concurso vencido de vídeo pelo Mute Records em 2017 (com a versão de “Porz Goret”) foi fundamental para a solidificação de sua carreira profissional? Conte um pouco sobre esse processo…

R. Foi fundamental para me dar mais confiança sobre o que estava fazendo! Ser endossada por um compositor que todos na escola conheciam e que você ama, é um grande negócio, então considerei isso um sinal enorme para continuar fazendo música.

6 – Em 2022, lançou seu poderoso álbum de estreia “Love And Other Machines”. Poderia estar ainda trabalhando esse repertório e já ataca no ano seguinte com o essencial “Eco-Fever”. Sua promoção de lançamentos será constante, sem intervalos de cunho mercadológico, demonstrando que Mari Dangerfield tem um processo de criação artística incessante?

R. Não tenho certeza sobre isso. A razão pela qual meu EP saiu logo depois do álbum é que o mesmo foi relançado quando assinei com a gravadora. Na verdade, fazia cerca de 1,5/2 anos desde a última vez que lancei música nova. Ainda não comecei meu próximo projeto e, embora os fãs e os algoritmos desejem mais rapidez, há alguns motivos pelos quais não trabalho tão rapidamente e vou demorar um pouco com isso.

7 – Seus vocais trazem uma forte carga emocional, recheado de timbre vibrantes. Isso está relacionado a forma como a poética das letras é concebida? Você também é escritora, como esse ofício reverbera para a construção das letras em suas faixas?

R. Eu escrevo minhas próprias letras e músicas. As vezes, o vocal é o mesmo em termos de melodia de quando escrevo pela primeira vez, e em outras eu o ajusto no processo de produção. Gravar vocais é um processo bastante técnico para mim, mas parte disso é garantir que a emoção seja transmitida de maneira eficaz.

8 – Soubemos que tem portugueses na família. Como brasileiro, não tenho como deixar de perguntar se pretende desprender alguma música em nosso idioma um dia!

Definitivamente já me pediram para fazer isso antes! É complicado tentar traduzir as letras de um idioma para outro sem pelo menos uma ligeira mudança em seu significado, e eu só escrevi uma música em português antes. Então a resposta é ainda não sei, mas talvez!

9 – A diversidade é uma marca notória em seu fazer artístico (permeios oitentistas, eletrônica, recentemente insights ambient, etc). Conte um pouco sobre as referências que ajudaram a moldar sua personalidade!

R. Eu falei sobre Bowie e teatro musical. Eu gosto de me inspirar em uma grande variedade de músicas e outras fontes. O que quer que pegue meus ouvidos ou olhos e retorne à minha mente.

10 – Pretende cair na estrada, ter uma estratégia de shows para divulgar os lançamentos?

R. Tenho feito muitos shows em torno do novo EP e tenho pelo menos mais 4 pela frente. O próximo é em Bristol!

Obrigado pela entrevista, parabéns pelo grande trabalho e deixe um recado para os fãs brasileiros!

R. Obrigado por me receber! Espero um dia poder visitar e ver os papagaios.

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