Grande talento exportado de Havertown, Pensilvânia (EUA), Marc Schuster (Scoopski) é o que podemos chamar de workaholic musical. Em 2021, ao lado de Timothy Simmons, lançou o álbum “Simmons and Schuster” pelo selo Hungry Hour Entertainment. Mas nem de longe este foi o único feito do músico fora de sua banda. O também educador acaba de lançar seu álbum solo chamado “Arguably”, embora tenha publicado vários singles antes disso. Com oito músicas, o ‘full-length’ começa apresenta “The Best Day” cuja execução sugere um estilo alternativo. Aqui, a condução é feita a partir de notas cativantes de piano adornada por vários elementos.
A música seguinte, “One Cup of Coffee”, recebe um pouco mais de variações como climas influenciados pelo jazz. Embora a cozinha faça a maior parte do trabalho mais complexo, a fluidez na melodia vocal deixa a audição redondamente livre. Neste segundo momento do disco, Schuster reafirma um lado mais clássico de suas ideias, mas sem soar rudimentar. Na verdade, você verá que suas composições são bem modernas, graças ao seu modelo de produzir material. São músicas jovens, beneficiadas por recursos qualificados, mas com um perfil de produção doméstica que, a princípio, pode conquistar o gosto de várias faixas etárias.
Algumas incursões pelo pop como em “Rental Home”, revela no artista um lado voltado à new wave britânica dos anos oitenta. A música, que possui andamento cadenciado aconchegante, com licks de guitarra charmosos em sua duração, também se destaca pela atmosfera densa com certo olhar místico da melodia. Características como essas se encaixam perfeitamente na dark music. Como Schuster possui talento para várias áreas da música, como rock, pop e até ‘ambiente sound’, não é de despertar surpresa que uma melodia dessas apareça em seu depósito de ideias. Para ser mais conciso, suas técnicas são multifacetadas e muitas vezes nem precisa ser primoroso.
Schuster, que ainda acumula funções de crítico literário, artista visual, apresentador de podcast etc, compõe suas músicas com a máxima definição harmônica, trilhando as harmonias sempre pelo melhor caminho. O resultado de suas experiências sempre é fundamentado na coerência e fluidez melódica, como se observa em “Sell Me the Snake”. Com uma batida cativante, a base desta música acama elementos psicodélicos como efeito de licks de guitarra e o vocal radiofônico, além de gerar uma bela sensação de leveza. Mais versátil do que isso não pode existir, mas mesmo assim o artista ainda reserva mais boas surpresas.
Ao longo de sua carreira, Schuster trabalhou com vários artistas do universo musical, como o já citado Simmons ou Brian Lambert no projeto The Star Crumbles, só para citar alguns recentes. Neste álbum solo, o músico chamou James Lorino para participar em “Paul Giamatti (Is Everywhere Tonight)”, um single que saiu em 01/04/2024. Assim como em sua antecessora, esta música também explora radiofonia no vocal, mas também possui boa sessão rítmica. As partes de teclado, ainda que sutis surgem com destaque na execução, mas a maior expressão da canção está mesmo em sua atmosfera urbana, que lembra a volta para casa depois de uma noitada na balada.
Além de todas as facetas que o nosso ‘workaholic’ faz em sua vida artística, o que ainda não comentei aqui é que a produção do álbum é feita também pelo próprio Schuster. Mas se tratando do potencial do artista, isso já seria até previsível. O que não se poderia imaginar é que ele fizesse uma música cuja melodia vocal se aproximaria tanto de David Bowie, como em “Hell in Hello”. A canção, para quem gosta de baladas, é uma boa opção, pois possui uma estrutura tranquila com textura sonora leve. É de muito bom gosto.
Inserida na messa sessão, “May the Algorithm Smile Upon You” também é composta por linhas melódicas mais soturnas, com ótima atuação de piano e uma camada de efeito de violino que reverbera em nossa audição mesmo depois de acabar a música. Esses efeitos sonoros crescem com o andamento da música e chegam a ficar expansivos na melodia. Destaque mais uma vez ao estilo vocal, que carrega emoção e solitude nos versos. Inegavelmente, esta é uma das músicas mais belas do repertório de “Arguably”. Seu poder hipnótico pode nos transportar a outras dimensões sempre guiados pela melodia. Não dá vontade de sair do transe.
Embora a melodia da última música nos prenda para valer, para ouvir o álbum completamente tem que passar por “Blue Light” que, infelizmente, é a última canção. Esta, no entanto, não possui aquela magia que entorpece, mas é igualmente bela por suas afinações e respeito com a audição dos fãs. Schuster, felizmente, é um artista que sabe brindar aos seus ouvintes da maneira mais requintada possível, e esta música junto as outras sete do disco são só alguns exemplos. Ou seja, você deve procurar as outras obras desse moço para ter uma completa noção da qualidade do seu trabalho.
Ouça “Arguably” pelo Spotify:
Para saber mais sobre o artista, visite-o em seu blog oficial: