Aos amantes da música sensorial, trago aqui um verdadeiro banho de abstração para incluir em sua relação de músicas. Este projeto se chama Logica Abstracta e já possui alguns lançamentos sempre na temática do ‘ambient sound’. Seu criador, Vadim Militsin, parece gerar ideias intermináveis que para nós servirá para consolar a alma, diminuir o estresse e afastar qualquer poder negativo de nosso meio. Neste caso, especificamente, a Logica Abstracta apresenta um de seus últimos Eps denominado “Amber”. Este trabalho, entre outras coisas, se traduz na terapia através de climas atmosféricos, modernos e curadores, pois é impossível tragar uma de suas quatro faixas e no final não se sentir bem.

Posteriormente à “Amber”, a Logica Abstracta também lançou o EP “Ad Astra” que também possui quatro músicas, mas este, pois mais que as construções sejam muito similares, deixaremos para um outro momento. O que você precisa saber agora é que “Amber” é um trabalho que remete ao brilho e à constância de um som lúcido e pouco pragmático. Sim, o tipo de harmonia que este projeto produz é algo de infinita delicadeza, onde para entendê-la é preciso ter ouvidos sensíveis. São elementos leves, penetrantes e de textura fina como um véu de seda a planar.
A pretensão do autor nesse lançamento, é oferecer às pessoas trilhas sonoras para cada fase de suas vidas. Ou seja, cada faixa de “Amber” pode representar um mundo específico conforme o estado de espírito de cada ser humano, para isso Militsin não poupou neurônios em suas criações. Antes de qualquer coisa, saiba que muita atmosfera épica é encontrada aqui formando auroras imaginárias ou neblinas experimentais. Os resultados extraídos de sintetizadores dão forma aos mais diversos sentimentos, como medo, tensão, expectativa ou receio. Por outro lado, liberam também sensações relaxantes, voláteis e liquefeitas, tudo dependerá do seu momento ou ponto de vista.
Logica Abstracta, que em 2019 lançou o primeiro álbum chamado “Alive Forms”, deu de presente à vida na terra outros três presentes: “In Green” (2020), logo depois “Slumber King” (2023) e “Headspace Station” (2024). Para “Amber”, o último álbum completo tem um gostinho especial, pois o single junto com o EP surgiram em decorrência de sua campanha. Pelo que você confere no EP, pode apostar que o álbum é inteiramente construído nos mesmos moldes. A ausência de instrumentos percussivos revela um pouco mais o tema geral de “Headspace Station”. Em outras palavras, som totalmente experimental.
Obviamente, no registro completo você confere a faixa “Amber” de maneira orgânica, mas no EP e pelas plataformas digitais, a versão vem com bônus de vídeo. Em relação ao som, isso não é surpresa, pois o tempo todo falo aqui que o disco é abstrato. Entretanto, você sentirá a magia do som infiltrar-se em seu ser e iniciar um processo de purificação que se encerrará só na última faixa “White Conjuring”. Enquanto isso, a música título cumpre o seu papel de pavimentadora abrindo caminho para a rica massa sonora que se espalha pelo ambiente. Para muitos, receber essa energia pode representar cura interna.
O que todo mundo sabe é que o estilo de música ambiente é uma das derivações do ‘avant-gard’ onde se introduz muitas peças até se tornar um produto. Ao trazer isto para este tema, Militsin buscou profundas ligações com o cosmos e a introspectividade humana. Em “Different Lizard”, essa associação é quase palatável. Considerando que as composições ganharam reforço da tecnologia de inteligência artificial, podemos considerar que este trabalho é como um divisor de águas entre o abstrato rústico e a personificação moderna. Isso poderá causar polêmica? Até as pessoas abrirem a mente para a nova era, talvez sim.

Vale destacar que a adequação da produção do EP à proposta dos sons, pois é um trabalho de fina transparência que evidencia cada nuance dos movimentos. Por isso, em peças como “Ecoton” você é capaz de acompanhar a mudança de cada onda sonora emitida. Em outras palavras, você sente o movimento esfumaçado dos climas, chegando até se envolver em um balé imaginário cujo condutor são as diversas sincronizações da harmonia. Nestas apresentações é possível descobrir alguma melodia? Aparentemente não, dependerá do quanto você é sensível para este tipo de música e o quanto você se envolve. Eu prefiro me concentrar na natureza e espaço e ter essas faixas como trilhas sonoras.
Algumas peças como “White Conjuring” – que falei sutilmente no início do texto –, têm poder de te deixar em transe. Esta, em especial, pode ser até o destaque do EP pelo seu lado épico e perfil imperativo. É como se ela revelasse o poder de algo grandioso que há muito adormecia, mas agora desperta. Esta composição, de alguma forma, lembra o infinito, lembra o início da criação, lembra o mar, lembra o céu. Então é isso, “Amber” é um trabalho que merece conferências em momentos especiais por se tratar de uma obra especial.
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