Like Everything Else | Richard Tyler Epperson lança assustadora faixa indie rock

Através da sonoridade responsável por puxar a introdução, o ouvinte é rapidamente levado para um ambiente de energia profundamente triste a ponto de ser sensorialmente rascante, visceral e lancinante. Ainda que explorando certo grau de delicadeza através do sonar adociadamente ácido do wurlitzer, a canção não consegue escapar de seu viés palpavelmente melancólico.

No momento em que o primeiro verso começa a ser trabalhado por uma voz masculina de timbre sereno, mas de base ácida vinda de Richard Tyler Epperson, a composição consegue engrandecer, mesmo que fragilmente, a sua nuance leve. Ofertando uma similaridade vocal para com aquele de posse de Liam Gallagher, Epperson desenvolve os primeiros sinais de conteúdo verbal de maneira a incentivar, no ouvinte, não apenas a sensorialidade de pesar e de desesperança, mas um estado latente de falta de motivação.

É interessante pontuar, aqui, que a maneira como a guitarra se apresenta, com suas leves menções de riffs ácidos espalhados pelo cenário como uma brisa repentina vinda do horizonte, faz com que um senso de desalento também tome conta da percepção emocional do espectador. Ainda que, nas imediações desse mesmo ingrediente, existam brechas que permitem a identificação da esperança, esse atributo, em especial, parece inalcançável no que se refere à ação. Ele é apenas visto como uma lembrança vaga de dias em que se podia sonhar.

Assim que o instrumental se mostra em sua forma completa, com uma bateria firme e sincopada na companhia de um baixo encorpado, mas de postura lamuriante, Like Everything Else enfim amadurece, de maneira definitiva, a sua silhueta repleta de lástima. Não à toa que, nela, Epperson acabe dialogando sobre amor, trabalho e sonhos perdidos. É um puro hino de desolamento e falta de motivação. O recorte do século XXI.