Até onde um evento doloroso pode mudar a trajetória de vida de alguém? Bem, aconteceu com Karen Salicath Jamali que, após uma lesão na cabeça que quase a tirou da vida, desenvolveu um talento divino pra o piano. Suas composições já renderam inúmeros prêmios da música e seu estilo é sempre marcado pelo sentimento. Neste momento, a artista apresenta o seu novo álbum “Dreams of Angels”, que se inicia com “ArchAngel Metraton (The Angel of Life)”. Durante a audição, você perceberá que o álbum, assim como o título entrega e a exemplo de músicas como “Angel Gabriel (The Angel of Water)”, fala sobre anjos.

Jamali, para preservar o tema mais orgânico possível, não utilizou nenhum tipo de maquiagem de estúdio para gravar as peças. Ela apenas sentou em seu piano e, naturalmente, concebeu obras como “Angel Gabriels Heart”. Dessa maneira, o álbum que lembra muito discos conceituais, segue arremessando melodias mundo afora. Por exaltar seres divinos, automaticamente o álbum nos remete à paz, luz, amor e outros artifícios do bem. Cada toque no teclado conforta a nossa cabeça, alivia o estresse e nos deixa felizes. Esse tipo de magia encontramos em “Angel Jophiel (The Angel of Illumination)”, assim como em outras músicas.
A execução dedicada a “Angel Uriel (The Angel of Truth)”, traz um pouco mais de leveza, lucidez e brilho. A melodia é tão doce que chega a hipnotizar, só que para pessoas acostumadas à virtuose, trechos como esse servem mais para a percepção e desvendamento da técnica. Para Karen não há segredo nem complexidade, sua técnica é simples, porém fantástica. Perceba também que cada música, dedicada a um ser metafísico, reflete em alguma ação ou virtude desse ser como em “Angel Israfil (The Angel of Music )” que, claramente, destaca o personagem como uma espécie de guardião de louvores.
A obra desta europeia radicada nos Estados Unidos, transcende a razão do homem. Por conseguinte, gera um bem-estar no ouvinte que se torna praticamente impossível não cair na meditação. Além disso, é uma importante canalizadora do estresse do dia a dia, que o joga para longe. São efeitos assim que encontramos, por exemplo, em “Angel Raphael (The Angel of Healing)”. Ao arriscar um jazz mais introspectivo em “Angel Jophiel (The Angel of Beauty)”, Jamali tenta versatilizar suas composições para deixar as coisas mais soltas.

Entretanto, a melodia tende a retornar ao seu ponto-raiz com músicas como “Angel Gabriels Halo”. Mostrar como agem os anjos através da melodia, é uma forma genial de linguagem universal, onde a sua compreensão atinge a todos os povos da terra. Em cada nota do piano é possível se banhar de luz, compaixão e outras variantes da bondade. Essa sequência, repetidas vezes toma o nosso subconsciente nos projetando a um universo paralelo cheio de ternura. Tudo isso chega e vai como a maré de uma praia tranquila, em um compasso sutil de elegância. Sentimos isso em “Angel Chamuel (The Angel of Peace)”, que começa introspectiva e termina do mesmo modo como se nossos músculos fossem anestesiados.
No entanto, em outras melodias alguns acordes mais intensos se traduzem na força, persistência e perseverança. Essas são algumas adjetivações que podem ser indicativas à música chamada “Angel Michael (The Angel of Courage)”. Com essa melodia intensa, se destaca o toque um pouco mais forte, favorecendo o suave solo em tom mais agudo. Da coragem à gentileza, é chegada a hora do surgimento de “Angel Sandalphon (The Angel of Gentleness)”. Esta, porém, é uma das músicas cuja harmonia chega a saltar em nossos ouvidos, tamanha sua beleza. Aqui, o andamento dos dedos sobre as teclas nos fazem refletir no próprio anjo executando a melodia.

Ao seguir com o repertório, Jamali traz mais uma música com protagonismo de tons agudos. Dessa vez, o tema é gerado sob a claridade como no amanhecer. Aliás, todo esse álbum foi construído sob a luz das manhãs, então nada mais natural do que oferecer uma homenagem a “Angel Raziel (The Angel of Clarity)”. E, para combinar com essa melodia, “White Angel” assegura que o tema continue leve como a seda, claro como o dia e transparente como a verdade. Isso corresponde a junções muito bem-vindas que permeiam em todo o disco como – já dito antes – uma obra conceitual.
O momento final do álbum “Dreams of Angels” acontece com uma dobradinha encabeçada pelo “Angel Ariel (The Angel of Nature)”. A natureza como um todo, destacada pelo tocar suave de Jamali nos faz refletir em nossa própria existência e, por conseguinte, em nosso próprio futuro. Ariel não poderia faltar nesse repertório. Para finalizar, o próprio anjos dos sonhos não poderia deixar de comparecer. Dessa maneira, vem a música “Angel Jeramiel (The Angel of Dreams)” fechar a porta deste espetáculo angelical feito por mãos humanas, guiadas, com certeza, pelo próprio Deus. Não deixe de conferir essa obra.
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