O lançamento e sucesso dos singles “Caroline I’m Yours” e “I’m Gonna Try”, anunciavam um nome forte para a música pop da Irlanda. Foi assim que John Hynes furou, de primeira, a bolha da indústria musical e sua cruel triagem de talentos. Na sequência, mais um single, “From The First”, fez a prévia para o seu primeiro álbum completo “A Man In Love” que já está disponível para audição. Com um repertório formado por nove músicas, a primeira “In Over My Head” é um típico tema pop com climas folk e melodias bem construídas.
A segunda canção, “I Will Be With You”, é uma balada como muitas que vamos encontrar aqui, pois o cantor, em seu estilo, explora muito questões ligadas ao amor e como isso influencia no comportamento do homem. Portanto, a música, assim como todo o disco são verdadeiros dutos de emoções e sentimentos puros. Climas, como os que existem aqui são trabalhados com uma perfeição simétrica, além de vocais sempre aveludados e sem apelações. Hynes, em sua essência já canta com a alma, pondo tudo pra fora de maneira calma e singela. Observe o refrão desta canção hipnotizante e entenderá melhor esta afirmação.
Na sequência, “Caroline I’m Yours”, que foi uma das que apresentaram o cantor para o mundo, tem um estilo mais clássico, tipo as músicas dos anos setenta, onde a criatividade dos músicos exalava pelos poros. “Caroline” possui essa propriedade, mas o seu lado vintage não é a única coisa que atrai atenções. A sua estrutura simplista, fazendo palco a um vocal bastante sentimental também é um diferencial. Toda esta atmosfera criada por uma melodia absolutamente suave, acabou por causar as primeiras impressões da obra do artista que, fatalmente chocará seus fãs, caso apareça com algo mais rock and roll.
Depois do encantamento de “Caroline I’m Yours”, outra música da fase embrionária de Hynes, “I’m Gonna Try”, surge. Com um polco mais de pegada, esta música conta com uma belíssima execução pendente ao R&B. Mas, se preferir, pode associá-la ao jazz com a cozinha fazendo um trabalho ótimo no ritmo. Por outro lado, excluindo as comparações, “I’m Gonna Try” é uma canção simples e linda, que abriu portas para a carreira deste grande artista. Os arranjos inseridos nela, como climas de teclados e técnicas de slide nas guitarras, remetem a um virtuosismo de nível espantoso. Está justificado o sucesso.
Para “The Glory”, John Hynes produziu duas versões, uma para o público mais essencialmente emotivo e que aprecia todas as nuances do som, e outra para tocar nas rádios. Obviamente, as duas versões estão no álbum e, claro, as duas são ótimas. Tanto uma como a outra são brindadas pelo espetáculo comum da voz de Hynes que, reparando bem, emula um pouco as entonações do ex-Beatle Paul McCartney. Mas sobre a principal diferença, entre as duas músicas, é que a edição para o rádio tem duração menor. Agora, se quer saber, eu já acho essa música a mais perfeita aqui.
Outra prova da simplicidade e do inacreditável talento para cativar as pessoas, está na canção “Native”, onde o compositor em toda a duração do tempo, canta de maneira paciente e angelical, embalado por uma instrumental tão tímida quanto o seu próprio timbre de voz. Até que entra notas de baixo harmonizando com notas de violino, até a música pegar um pouco mais de propulsão. Parece até que “Native”, na verdade, prepara terreno para a música mais empolgada do disco, “From The First” que, como dito anteriormente, foi o primeiro single do álbum, lançado no dia 14 de fevereiro, dia dos namorados na Europa.
Retornando à ala mais melosa, “Dry Land” é outra música que recorre a meios simplórios para encher de sentimentos os corações dos ouvintes. Seu início com um pouco de densidade no clima, logo é substituído por uma execução mais solta e, ao mesmo tempo, harmônica. Compasso cadenciado e uma boa performance de voz fazem contraste a um canto solitário na primeira metade da música. Para quem curte versatilidade, esta e outras músicas do álbum não deixam de oferecer presentes. O melhor de tudo é que Hynes, mesmo diversificando, não perde a linha do seu estilo, que você perceberá que é muito particular.
Para finalizar este álbum que, com certeza, estará na lista de melhores do ano de quem o escutar, surge “Run to Her”. Mais uma prova da real beleza entre música e paixão. Dessa vez, o cantor mostra aqui um tema próprio para um epílogo, como toda grande obra deve apresentar. A nona música de “A Man In Love” é a tampa de uma caixa cheia de encantos e feitiçarias para prender você pelos ouvidos, mente e coração. Em 2024, até aqui, não ouvi nada que pudesse superar este álbum em termos de beleza, simplicidade e qualidade.
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