Joey Moroney inova no folk, psicodelia e progressivo em seu ‘debut’, “The Moon Child”

Depois de lançar alguns singles e um EP em 2023, o cantor da Virgínia Ocidental, Joey Moroney, chega em 2024 com o fabuloso álbum “The Moon Child”, lançado há poucos dias pela Aphrodite Records. Com um repertório de doze músicas, o disco é um verdadeiro instrumento de cura pelo som. A primeira música, “Note to Self”, mostra uma performance calma tanto do cantor como da instrumental. O estilo usado na primeira canção permeia por toda a extensão das demais, revelando um artista sentimental, melancólico e harmonioso. A mesma textura se aplica na faixa título que sequência a obra. A música, assim como as demais, são concebidas a partir de vocalizações afinadas e efeitos de sintetizador.

Em canções como “Disregardance”, o artista parece querer alcançar a perfeição lírica em uma música envolvente e poética. Claro que isso pode não ser a intenção do cantor, mas que essa música é muito encantadora, isso sim. Existe nela um mistério que nos envolve e propõe um desafio para decifrá-lo. É como se a natureza desnuda nos chamasse para fazer parte dela. A entonação emocionada na voz de Moroney, nos remete a uma leveza inocente como o balançar de uma criança sob o galho de uma árvore.

Depois dessa viagem delirante, ouve-se notas agudas de um piano atravessando o ar. A melodia em cima de sons de pássaros, ruídos de ventos e folhagens, adorna a primeira impressão sentida ainda na música anterior. Mas não é só isso que “Cupid” proporciona, pois a sua melodia simples, baseada primordialmente em um dueto entre o mesmo piano e a voz transcendental de Moroney, se torna essencial a você, caso esteja à procura de uma trilha sonora para meditação. Ou se você prefere algo mais cativante, vai gostar de “Boomerang”, que parece até um pouco com a bossa-nova brasileira.

Já que “Boomerang” trouxe um pouco mais de versatilidade ao álbum, “Jupter” veio para ampliar esse caminho. Ainda que o sintetizador execute um efeito de tensão na música, é confortante ouvir a polidez da voz de Moroney, que mais parece cantar através de filtros de seda. Em “Young Love Interlude”, um pouco mais de complexidade é adicionado à obra do cantor, mas, mesmo assim, a melodia é presente e rica em todos os aspectos. A característica principal do álbum, que é parecer emocionante, está presente em cada verso, acorde, arranjos e até mesmo na produção cristalina.

Uma coriosidade sobre a composição do álbum “The Moon Child”, é que ele levou aproximadamente um ano para ganhar vida. O próprio Joey Moroney chegou a declarar que o compôs inteiramente em seu quarto. Talvez isso explique como canções como “Liar” sejam tão perfeitas, pois para se conseguir um bom resultado na música é preciso estar conectado o tempo todo com a sua vibe. Nesta, especialmente, o artista incluiu até notas sutis de uma guitarra que acompanham a melodia dos versos. Ou seja, saiu mais uma vez da sua zona de conforto e conseguiu ser feliz e, de quebra, garantiu a nossa felicidade.

A típica melancolia que, a esta altura do disco, já é uma identificação evidente do artista, retorna em “To Be Faithful”. Aqui, ótimas vocalizações parecem bailar em meio a uma atmosfera quase à capela, embora tons suaves de teclado façam uma base gostosa. É impossível não se sentir tocado pela melodia. Contudo, deixe para se derreter de vez em “Bambi”. A música mais extensa do álbum, com pouco mais de sete minutos de duração, é uma execução em voz e violão, onde os graves sonantes de Moroney preenchem todo o ambiente como se fosse luz solar.

Essa performance vocal tem vários pontos altos, alguns deles se destacam na produção de backing vocals, como em “Bambi” onde Moroney grava várias camadas de coral com entonações diferentes. Não chega a ser uma “Bohemian Rhapsody” do Queen, mas alguma influência pode ter batido à porta aqui. Nesta música, há um pouco mais de ousadia na melodia, com o cantor, mais uma vez, se distanciando da sua zona de conforto para cantar com mais alcance. Nada mal para uma execução que está entre o folk e o psicodelismo. Partes agudas com mais volume na voz, valorizam a canção e avisa que a versatilidade não acabou.

Por falar nesses estilos de vanguarda, apesar de a música de Joey Moroney nunca esteve tão próxima disso quanto a melodia de “I Don’t Wanna”, que respira anos setenta e cria uma atmosfera totalmente mística. Esse clima de tensão, como é usado demais pelo cantor, acaba se tornando uma assinatura sua. Em “Alone”, música que encerra o álbum, é uma bem vinda canção suave com o cantor mostrando a potência de seu falsete. Para quem não sabe e se espantou com tamanha qualidade de composição e produção, Joey Moroney é um jovem de apenas dezenove anos de idade. Ou seja, trata-se de um garoto prodígio ou um gênio em ascensão.

Ouça “The Moon Child” pelo Spotify:

Acesse todos os canais do cantor no link abaixo:

https://linktr.ee/BabyAphrodite04

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