Jeb Rault nasceu em Nova Orleans, a terra sagrada do jazz. Logo, a cidade do estado da Luisiana (Estados Unidos) pode também ser considerada a terra da música, afinal de contas, de onde vem o jazz pode vir as melhores coisas desta arte fascinante. E o guitarrista, cantor e compositor faz jus a isso.
São mais de 30 anos dedicados à música, mas Rault tem dado uma guinada considerável em sua carreira nos últimos 10. Isso porque ele tornou-se uma presença regular no cenário musical da Europa Central, tocando na Alemanha, França, Áustria, Espanha, Suíça, bem como em sua terra natal, os EUA, e até mesmo na Costa Rica.
Sempre primando por uma sonoridade baseada no rock e no blues, ou seja, na mescla mais perfeita de todos os tempos, mas sem fechar seu leque. Você ouvirá diversas outras facetas de gêneros e subgêneros na sonoridade do artista, incluindo aí o próprio jazz tão famoso de sua querida cidade.
Rault chega agora ao seu terceiro disco, este “Rising”, onde toda sua bagagem e amadurecimento aparecem de forma natural. Acompanhado pelos músicos Lee Schwartz na bateria, Logan Emory na guitarra e Matt Wisdom no baixo, ele traz também algumas participações especiais, principalmente conterrâneos seus.
O álbum foi gravado na primavera de 2023 (nosso outono) em um dos principais estúdios de gravação de Nova Orleans, Marigny Studio, pelo conhecido engenheiro de som Ben Lorio. O próprio músico produziu o disco, o que o deixou ainda mais independente e com a cara de Jeb.
“Rising” é um disco de dez faixas, onde o artista consegue soar atual, porém mantendo raízes, sendo um elo que liga o ‘old school’ aos novos tempos. E isso já fica evidente em “Pretty Pictures”, que abre o disco de forma espetacular com sua dinâmica encantadora e já mostrando o leque aberto de Rault. A música tem uma veia country, que a aproxima do southern rock.
“Rocket Me”, que vem em seguida, já mostra uma abordagem totalmente diferente. Com uma levada funkeada, ela traz uma veia mais moderna. O trabalho de guitarras é simples, mas primoroso, com uma cozinha cheia de ‘groove’. Aqui já começam a aparecer os solos de guitarra magistrais que vão estar em praticamente todo o disco.
Por falar em solos de guitarra, em “Riches To Rags” eles chegam praticamente acompanhando as bases. A canção num todo vem à moda tradicional, com um rock blues direto e muito bem sacado. Impossível não se admirar com o solo principal e seu timbre maravilhoso.
A veia southern rock retorna em “Meet You On a Better Day”, porém de uma forma mais rústica e com resquícios do blues. É uma música básica, onde fãs de Creedence irão se deleitar. Ela é seguida pelo blues rock de “My Moutain Girl”, que tem um início AC/DC, mas logo cai nas graças da identidade do som de Rault, que carrega clara influência de ZZ Top.
Perceberam como ele sabe transitar bem por diversos estilos? Pois é, e ainda estamos na metade do disco. Aliás, ele consegue também manter suas características, deixando sua assinatura em todas as composições de “Rising”, que estão principalmente nos timbres maravilhosos das guitarras.
Prosseguindo, começamos a segunda parte do disco com “Sometimes I Let it Get Dark”, a primeira música mais introspectiva do trabalho. Porém, não pense que estamos diante de uma música sombria. Ela só não tem a descontração da demais, além de possuir uma levada mais quebrada.
Enquanto isso, “Church Song” traz o southern rock de volta com sua levada bem sacada e todo ar de descontração que permeia o álbum. Parece mesmo ser essa a especialidade de Jeb, que aqui incrementa a música com um solo de guitarra mais country, que se desvencilha do blues, mais comum no disco. Dá-lhe Lynyrd Synyrd.
“Step Aside (For You Sister)” é mergulhada no acústico, com a proposta southern ainda em evidência. Porém, a mescla equilibrada com o blues é latente, e Jeb mostra seus dotes de cantor ainda melhores. A faixa serve de transição para “Now That You’re Gone”, a mais trabalhada do álbum. Cheia de detalhes no arranjo, com piano e sopro, pode não ser a melhor música de “Rising”, mas sem dúvidas é a mais rica.
E Jeb Rault tomou a certeira decisão de terminar o álbum com uma música alegre e empolgante. Ao invés de seguir a praxe, que é botar um ar de despedida, ele encarna um funk bem sacado em “On The Top of the Mountain”, que traz mais um solo de guitarra maravilhoso que se entrelaça com um de saxofone tão maravilhoso quanto. Tudo pra deixar a gente com um gosto de quero mais.
O resultado final é simplesmente demais, com uma produção marcante, arranjos sucintos e uma abrangência musical muito bem explorada. Sem dúvidas Rault subirá seu sarrafo com essa obra prima!
‘discovered and supported via Musosoup #sustainablecurator’
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