“The Glue” é o primeiro disco da Isaac Hadden Organ Trio, grupo que tem como foco central o guitarrista prodígio de apenas 20 anos Isaac Hadden. O trabalho aqui mostrado se difere da maioria das coisas que o leitor já imaginou ao ler a primeira linha desse parágrafo. Saberemos o porquê.
Primeiro porque não estamos diante de um álbum de ‘guitar hero’. Apesar da técnica indiscutível de Isaac, e da evidência em suas seis cordas, o conteúdo de “The Glue” é, acima de tudo, musical. Logo temos um conjunto da obra onde não se sobrepõe a técnica acima de tudo.
Segundo que, geralmente um trabalho deste tipo é direcionado ao rock e aqui não é bem assim. O disco tem foco no jazz e soul. Sem fechar o leque traz outras influências, como o próprio rock, funk e afins. No entanto, sem direcionamento especifico para a música pesada. Pelo contrário, encontramos no trabalho uma música sofisticada, mas acessível.
“The Glue” também é um disco cheio de participações especiais, o que dá a ele um tempero variado. De qualquer forma o trio consegue manter uma sonoridade homogênea, com identidade e sem se perder em meio uma amálgama gigante de influências.
E, ao contrário do que se imagina, não estamos diante de um trabalho instrumental. São 8 faixas distribuídas em pouco mais de 45 minutos, com cinco composições com vocais (convidados) e três instrumentais que são muito bem equilibradas e dão um certo respiro ao longo do disco, claro, tendo a guitarra de Isaac como fio condutor das melodias.
Inclusive, a primeira canção, “No Service”, nos brinda com quase sete minutos de um jazz rock instrumental primoroso, já dando as boas vindas ao trabalho com arranjos espetaculares. Desde a guitarra nervosa e estonteante, passando pelo ‘groove’ do baixo e bateria jazzística, temos uma obra prima da música instrumental.
Mas, já na segunda faixa, “Dirty Lies”, os vocais entram e nos entregam uma composição vibrante, com elementos do soul e leves toques de R&B para a alegria da nação. O trabalho lembra muito Prince em seus melhores momentos, mas possui ainda mais sofisticação.
E a tarefa mais difícil em “The Glue” é exatamente apontar os destaques, devido ao equilíbrio impressionante entre as oito faixas. No entanto, se não recomendar “Always There”, quem também é instrumental e conta com um naipe de metais para acentuar a melodia, e a versátil “Hot Polutix”, com elementos de hip-hop e até samba, seria uma grande injustiça. Mas, estamos diante de um trabalho completo.