Helen Yee lança disco de estreia “Orchestrope”

O violino foi criado na Itália entre o fim do século XVI e o início do século XVII. Ou seja, estamos falando de um instrumento que passou por eras e até hoje está aí, se encaixando em estilos que mantêm a música clássica, outros mais rebeldes e até gêneros modernos da música eletrônica.

Logo refletimos. Tem outro instrumento no mundo, condutor de melodias, que se encaixa tão perfeitamente a todos os gêneros? Pois se existe, o violino não fica muito longe, sempre sendo útil e se adaptando não só ao tempo e a diversos gêneros musicais, mas até mesmo na sociedade.

Então é fácil compreender como artistas como Helen Yee, que domina o instrumento, têm uma carreira tão versátil. A norte-americana de Kalamazoo, tocou na noite, além de quase uma década se apresentando ao vivo em apresentações solo, teatro e trabalhos de dança na cidade de Nova York, além de acompanhar grupos, em especial de indie.

Depois da pandemia, em um lapso de reflexão, resolveu compor e criar suas próprias músicas baseadas no violino, com adesão do equipamento de looping ao vivo, Ableton Live, ela colocou tudo isso em prática. Os agraciados fomos nós, apreciadores da boa música e amantes de experimentações. Se bem, que o som apresentado por Helen, não toca em muitos teores experimentais.

O resultado é este, um álbum de estreia intitulado “Orchestrope”, que, em uma tradução livre, é algo como uma orquestra de uma pessoa só ou algo do tipo. Afinal de contas, é exatamente isso que o disco traz.

Claro, o disco vem recheado de tudo que Helen absorveu durante sua carreira, então, as 9 faixas, distribuídas em pouco mais de 35 minutos, do ‘tracklist’, transitam por diversos estilos como o clássico, erudito, barroco, além dos mais modernos como indie rock, ambient, synthwave e um tempero oriental, que remete às origens da artista.

O contexto de “Orchestrope” é complementado pelo gosto que a artista tem do improviso, gerando algo bem pessoal, que fica bem notado quando ouvimos o disco, afinal de contas as faixas soam, em sua maior parte, bem íntimas. Claro, isso não define o som, afinal música também pode ser vista e ouvida por diversos ângulos.

Em sua mais nova aventura, Helen Yee toca todos os instrumentos em um ato solo centrado em cordas e elementos eletrônicos. Suas influências são criadores de música instrumental poderosa, como Hildur Guðnadóttir, Nils Frahm, Zoe Keating, Maya Beiser e quartetos de cordas inovadores como Invert (no qual ela tocou violino), Kronos e Ethel.

Outro fator interessante é que Yee não criou um padrão, o que mostra mais uma vez a naturalidade e o ar de improviso no disco. Nele, encontraremos músicas longas e outras objetivas. Porém, não confunda isso com a sonoridade, pois ela consegue criar uma identidade e assinatura, com composições bem características.

A começar pela faixa título, que abre o disco de uma forma a resumir tudo que o ouvinte irá encontrar no álbum. Além de seu começo misterioso, ela já traz o tempero oriental e um ar progressivo e transformador, soando eufórica do meio pra frente. A faixa prima também por apresentar as habilidades de Helen na instrumentação do disco.

“Noche de Julia” é uma composição feita para uma obra teatral bilíngue que excursionou pela Colômbia, Itália, Espanha, NYC Chicago e Los Angeles. Nota-se de cara o teor de trilha que a faixa traz, além de ser uma música onde ela trabalha bem na mixagem.

“The Square Root of Paradise” é a primeira peça mais curta do álbum, além de ser uma das criadas para o projeto “Resonance”, onde os compositores escolheram peças de arte visual para inspirar respostas musicais. A música soa ambiente e totalmente oriental, como se fosse parte de um local japonês para reflexão.

“Sprung” é uma das primeiras composições de Yee, denota improviso e uma fluidez natural impressionante, mostrando a habilidade quase perfeita da artista. Enquanto isso, “Kicking Up Dust” é uma faixa pop, guardadas as devidas proporções. De melodia fácil, é uma faixa de leque aberto, inclusive trazendo teores do country.

Até que cheguemos em “Ferromagnetica”, uma composição onde Helen testa, experimenta e ousa, tendo um resultado mais que positivo, que colabora e muito com a versatilidade do disco. Já “Acestors” é uma música tribal e a primeira que conta com falas, não exatamente vocalizações. Isso porque os versos são ditos e não cantados. Trata-se da faixa mais ‘fora da casinha’ do álbum.

“Noche” já tem um ar de despedida, soa levemente melancólica e abre caminho para “Tanoura”, a outra peça mais curta que também foi criada para o já mencionado projeto “Resonance”.

“Orchestrope” é um acerto, não só uma estreia, da musicista e violinista Helen Yee. Não só seu talento é destilado no disco, como o sentimento que ela emana pela música e isso é um verdadeiro deleite. Que seu trabalho solo autoral não fique somente neste disco de estreia!

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