Headspace Station | Logica Abstracta lança álbum que evidencia a habilidade de Vadim Militsin em construir atmosferas expansivas

Não é apenas um ecossistema que sugere o épico. É um ambiente mágico e profundamente alucinante que se forma através da sonoridade sintética em processo de amadurecimento. Amplamente entorpecente em sua máxima essência, a canção oferece uma espécie de falso senso de aconchego, enquanto leva o espectador para o mundo maravilhoso e fantástico do inconsciente. Não à toa que Ad Astra traz consigo uma propriedade inquebrantável em expandir a mente.

Se afastando do quesito reconfortante que surgiu brevemente na canção anterior, a presenta introdução sugere um curioso toque de tensão, de suspense. Algo que incita a vulnerabilidade do espectador e o torna refém do temor de algo ainda enigmático. Surpreendentemente, conforme a música vai se desenvolvendo, ela vai possibilitando a evidência de uma sensualidade proveniente do sonar sinteticamente percussivo que traz consigo essências não apenas do dub, mas, também, da vertente forest da música eletrônica. A partir daí, Nubium acaba se mostrando uma faixa que, com frescor e sabedoria, fornece aromas e atmosferas nativas, fazendo com que o ouvinte se sinta um verdadeiro explorador de um mundo desconhecido. 

Nesse ponto da narrativa, o espectador parece estar no mais profundo do oceano, mas em uma espécie de outra dimensão. Afinal, ao contrário da escuridão abissal, o cenário das profundezas do mar é, aqui, ensolarado e belo. Promovendo a fantasia e o maravilhoso como ingredientes que moldam tal paisagem, o sonar agudo que se pronuncia na dianteira melódica incita um sabor surpreendentemente adocicado ao generoso torpor fornecido pela paisagem. Em Oustivi, o Logica Abstracta se apoia em frases percussivas que oferecem agradáveis noções de fluidez e sensualidade também embebidas em notas de um suave frescor. Uma obra que ilustra, ainda, a fusão da estrutura estética do trip hop, mesmo que de maneira bastante leve.

O maior trunfo de Headspace Station é a alucinação. É o maravilhoso. É a fantasia. A cada novo capítulo sonoro, uma nova paisagem se forma, conforme uma nova porta se abre no inconsciente. É assim que Vadim Militsin acaba explorando o esotérico e o colocando na mesma balança experimental do misticismo.

Entre a maciez, a fluidez e o hipnótico, o álbum se torna marcante pelas suas texturas e pela sua cenografia expansiva. Não à toa que as suas primeiras três canções são as que se destacam. Afinal, elas entregam ânimo e sensualidade, torpor e consciência em uma mesma receita emaranhada por frescor. Uma tarefa difícil de se fazer por meio de uma sonoridade sintética. É por isso que é um produto que merece certo grau de admiração.

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