A combinação entre uma guitarra de riff sereno e uma bateria cuja levada traz consigo uma essência suavemente trotante dá à atmosfera um frescor inebriante como aquele apaziguante que preenche o período do amanhecer. De natureza equilibrada ao fornecer, desde seu início, notável incursão de melodia, ritmo e harmonia, a composição é agraciada por um dulçor levemente ácido oferecido pela reprodução do hammond feita pelo teclado. Através dessa base delicada e de aroma embriagantemente floral, a guitarra, na posse de Joe Hogson, tem a liberdade ideal para lançar seus gritos regozijantes aos quatro ventos. Dando à composição uma silhueta blues inquestionavelmente tradicional, o instrumento ainda consegue imprimir ligeiras noções de crueza, fator que levanta ainda mais a superfície aveludada de The Grass Is Greener.

Desde seu início imediato, é como se a canção causasse, no ouvinte, a ideia de desespero e de dissincronismo. No entanto, através da intersecção entre a desenvoltura acelerada da guitarra e a levada repicada da bateria, o espectador acaba conseguindo identificar que, desse escopo um tanto vanguardista, existe uma essência jazz marcante. Nesse quesito, inclusive, é possível de se identificar, com mais firmeza e evidência, a presença do baixo em meio ao seu groove de natureza encorpadamente ácida perambulando pela dianteira do ecossistema. Shapeshifting é onde Hogson apresenta seu virtuosismo enquanto explora sua sensibilidade musical ao fundir oásis de calmaria em meio à intensa ardência aventurada no decorrer da presente canção.
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