É interessante perceber que a maneira como a veia percussiva da composição é desenhada já é capaz de inserir na atmosfera não apenas uma boa noção de movimento, mas, essencialmente, uma fluidez de caráter macio. Ao mesmo tempo, os ecos dos golpes nos instrumentos fazem nascer uma essência dramática pungente que contamina em demasia todo o ecossistema de forma a fragilizar o espectador.
Agraciada, ainda, por sonoridades sintéticas que entram em cena rasgando os embrionários sensos de torpor com suas texturas agudo-estridentes, a canção, com o auxílio dos violinos criando uma densidade sombria no que tange o escopo harmônico, faz com que o ouvinte sinta o máximo de vulnerabilidade. De natureza capaz de ser aterrorizante, em certo aspecto, a obra passa a ser regida por um enredo lírico narrado de maneira quase sussurrante de forma a soar introspectivo e bastante frágil.

Com seu timbre grave e rouco, Nick Boeder consegue amplificar não apenas os sensos de visceralidade, mas, principalmente, de uma determinada intensidade dramática rascante que faz com que todos os cortes emocionais voltem a sangrar, evidenciando, assim, falhas brutais no processo de superação. Em Falling Alone, portanto, o cantor dialoga, com grande dose de pungência, sobre as dores de um relacionamento perdido.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/30qdBpehNkm1YcxYAlZ52L