A chuva é generosa em sua forma de esplendor. Seu som relaxa e causa, consequentemente, um agradável senso de conforto e frescor. É exatamente essa textura que recebe o ouvinte. Um toque orgânico, cru e natural que, rapidamente, dá passagem para uma ligeira camada lírica pronunciada em eco, o que causa um senso psicodélico inquietante.
Amadurecendo seu caráter atmosférico e artístico, a canção passa para uma segunda parte introdutória em que a guitarra oferece delicadeza por meio de seu riff agudo e ligeiramente ácido. Ao mesmo tempo, o baixo se apossa da base melódica através de um relâmpago bojudo e entorpecente que vai dando corpo e consistência ao enredo melódico transcendental em processo de desenvolvimento.
Enquanto o ouvinte se percebe em seus últimos estágios de consciência, já misturando alucinação com realidade, um grito estridente, aveludado, agudo e sensual passa a fazer parte do espectro sonoro ofertando novas doses de uma irresistível embriaguez. Eis o saxofone se apossando, com charme e uma gentileza amorfinante, seu espaço na sonoridade que, cada vez mais, evidencia o seu caráter psicodélico.
Nesse momento, mesmo com o auxílio da percussão desenhando o enredo rítmico, a racionalidade se mostra uma mera lembrança de um passado não tão distante. Com tal paisagem sensorial, Eucalyptus se firma como uma obra instrumental com base no jazz que experimenta penetrantes sabores psicodélicos que fazem o sintético ditar as novas regras dessa realidade paralela ofertada pelo El Oso Guapo.
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Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/7qDKvX33MBW1KMa7hX0UHZ