Errol Eats Everything é um sopro de atemporalidade no hip-hop

Na música, a ousadia é algo que sempre atrai ouvintes mais inquietos. Além do mais, sair do mais do mesmo é algo visto positivamente para quem gosta de se aprofundar em algo. Eis aqui um destes trabalhos, onde se exalta não um gênero, mas um movimento e o faz entregando um trabalho abrangente.

Sim, porque o intuito do projeto Errol Eats Everything, em colaboração com o renomado produtor Furious Evans, é oferecer uma obra-prima musical inovadora que explora a profundidade e a complexidade da experiência negra. Isso também em forma de música, pois eles apresentam um trabalho que, apesar do foco no hip-hop, traz elementos de diversos estilos dentro da black music.

E eles trazem isso em pouco mais de 46 minutos distribuídos em 17 composições. Ou seja, não economizaram no investimento e estão realmente dispostos a entregar tudo de si e emergir nesse mundo de riqueza musical tão imensa. Em meio algumas canções, discursos exaltando igualdade e expondo as dificuldades de um povo sem soar piegas e/ou violento, assim como as próprias letras.

Difícil e injusto destacar apenas algumas composições, mas é importante ressaltar algumas, para que o ouvinte se situe e saiba melhor em que território irá entrar ao ouvir o disco autointitulado.

“Fly Girl” sem dúvidas é um deles. A canção traz uma batida intensa, a aura de um hip-hop ‘old-school’, vocais rappeados sisudos, além de um saxofone que deu um requinte absurdo. Já em “Ballad Of The Brutes” o Errol Eats Everything mostra que flerta também com o rock, com um riff de guitarra acompanhando a bateria orgânica, deixando apenas os vocais no mundo do rap. Sem dúvidas, uma composição que fãs de Rage Agains The Machine irão adorar.

Incrível como “Beyond Yonder” consegue emanar o dub sem cair na mesmice e ainda manter a identidade do projeto, além de soar bem atmosférica e trazer os arranjos mais bacanas de todo o disco. E por falar nisso, o reggae dá suas caras em “Round N Round”, temperando um rap de vanguarda e com muito objetividade.

Não podemos deixar de mencionar “Eye Said What Eye Said”, afinal de contas é uma das faixas mais trabalhadas do disco, consequentemente mais abrangente, onde uma batida funkeada na medida ajuda a levar um hip-hop sem precedentes, que consegue soar moderno sem ser tendencioso. Aliás, é exatamente disso que se trata “Errol Eats Everything”, um trabalho longe de tendências, atemporal e muito criativo.

https://www.instagram.com/erroleatseverything

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