Surpreendentemente, o que se tem aqui é o idioma português brasileiro trazido de forma curiosamente doce. Contudo, essa doçura vocal introduzida por Will Lisil vem imbuída em uma força imponente, crítica e até mesmo empoderada que, com o apoio de uma melodia consistentemente precisa em seu rock de flertes sinfonicamente sintéticos, ganha ares de levante.
Ainda que o ouvinte consiga de fato perceber o viés de crítica social oferecida por Will, bem como identificar a aspereza e os punchs rítmicos existentes, a canção, se vista de uma forma ampla, foi construída de uma maneira a não transmitir nem o peso, nem a consistência e nem a força que o lirismo evoca com tanta veemência. E isso traduz, talvez, um escorregão no trabalho da mixagem, que ainda deixou o som final soar distante a ponto de, em vários momentos, soar como um mantra audacioso ao invés de um rock propriamente contestador.
Mesmo com esses deslizes estruturais, no entanto, Elon Musk consegue evidenciar seu intuito lírico ao ouvinte. Tratando de impunidade, autoritarismo, egocentrismo, atos ditatoriais como a censura de forma a abranger amplamente o cenário político da era Bolsonaro, a canção traz interessantes gritos de ordem, tais como “pare, pense, lute pela nossa liberdade” e “chega de abuso desse boçal”.
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