Depois de 3 anos, Robert Vendetta retorna com seu disco mais diversificado

Há trabalhos que são apresentados com um esmero impressionante, mas com um agravante que é o fato de isso ser simplesmente da forma mais natural possível! Logo, se torna ainda mais interessante, pois notamos que o profissionalismo e bom gosto está inserido na veia do artista. É o caso aqui.

O norueguês Robert Vendetta, registrado e nascido em Oslo como Robert August Koestol Pedersen, é um experiente músico que foge um pouco das suas origens. Isso porque é um amante da música global e isso é exatamente o que você vai encontrar em seu mais novo álbum, lançado três anos após o último disco cheio.

Intitulado “Vendetta Del Disco”, trata-se de um álbum conceitual e talvez o mais maduro de Robert. Além disso, estamos diante de um trabalho diversificado, que torna tudo mais abrangente, mostrando que o leque do artista dificilmente se fecha. No trabalho, além do retro-pop típico, outras influências antigas, atuais e modernas serão encontradas.

O conceito do álbum é a história de alguém que se perde no trabalho, tentando agradar seu chefe – o mandante. Ele perde os amigos, não tem tempo para hobbies e acaba no psiquiatra. De repente, seu chefe lhe dá férias e ele acaba na Vendetta Del Disco, onde aprende a aproveitar a vida dançando. Ele também descobre o quão importantes são as pequenas coisas da vida e inicia uma nova, pronta para incendiar o mundo!

Particularmente algo genial, partindo do pressuposto que a história vem de fora para dentro. Ou seja, é sobre algo além do disco, mas que entra para ele e isso, de certa forma, é algo muito bem pensado, o que dá pontos para o artista e toda sua elaboração em si. Afinal, se trata de um alto nível de criatividade, sem contar que ainda deixa brechas interpretativas e para outras partes.

Mas, não pense que estamos diante de um disco dramático e de músicas sombrias. Longe disso, aliás. A trilha parece levar o roteiro de uma forma tragicômica, como pede o bom humor europeu, em especial o escandinavo, que é um dos mais difíceis de identificar.

E tudo bem produzido, desde a sonoridade, passando pelos arranjos. Lembrando que “Vendetta Del Disco” foi mixado por Lars Erik Humborstad na Squintfarm e masterizado por Morgan Nicolaysen. A banda que acompanha Robert é Anders Jansvik na bateria, Torunn Christelle no mellotron e Håvard Solli no baixo. E todos eles fazem ‘backing vocals’, sendo que Robert ficou com os vocais e piano.

Destrinchando o disco notamos que a faixa de abertura é um convite insano a imergir não só no conceito, mas também na sonoridade do álbum. “Main Man” começa agitada, com um pop se embebedando de disco music e o piano de Robert estralando. Parece realmente um dia de trabalho, até chegar a segunda faixa, “Work, Work, Work” que ainda segue o ritmo de sua antecessora, mas com um ritmo mais suingado, quase um mambo, e teores dramáticos. Destaque para a percussão, que aqui mostra um trabalho mais rico e abrangente.

“Shrink” mantém a dinâmica e um ritmo mais direto, se destacando pelo seu refrão pegajoso e nos revelando um trabalho de ‘backings’ terceirizado. Logo chega “Fool”, a primeira balada do disco, que nos remete a um desgaste do personagem e seu desabafo diante de todo drama. Belíssima, com piano na condução e uma cama de teclado espetacular, é daquelas faixas que realmente emocionam.

“Vacation” fecha a primeira metade do disco e da história. Não poderia ser diferente, uma faixa agitada de ótima dinâmica e um refrão um tanto quanto ingênuo, que nos remetem às comédias românticas. A faixa título parece dar continuidade a antecessora, mas no sentido de acordar para uma outra realidade e entrar de vez para a parte final do trabalho. Outra de ritmo intenso, mas com um ar mais introspectivo.

“Here and Now” é outra balada ao piano, um pouco mais dramática e de lamento, com um show a parte de Robert, que emana inspiração em sua interpretação. Vale lembrar que seu vocal é bem natural. Afinado, ele não se privilegia de um timbre clássico, mas sabe muito bem como o explorar.

“Breathe”, penúltima música do disco, curiosamente traz a única veia indie do trabalho, mesmo assim não deixa de lado as características da sonoridade de Robert. O seu ritmo quebrado e descontraído é o diferencial. E, a derradeira “Set The World On Fire”, já tem um nome que diz por si só. Fecha o disco de uma forma agitada, com ritmo dançante e letra irônica, como deveria ser.

“Vendetta Del Disco”, no final das contas é essencial não só pela sua sonoridade de qualidade e arranjos riquíssimos, que podem abranger a todos. Mas também pelo fato de ter um tema importante, já que vivemos em tempo que o estresse causado pelo trabalho é um dos principais motivos de doenças emocionais. Muito bom!

‘discovered and supported via Musosoup #sustainablecurator’

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