De forma descontraída, Rosetta West canta a morte em novo álbum “Night’s Cross”

A música não tem fronteiras e talvez seja infinita de possibilidades de criação. Talvez porque sabemos que não há, praticamente, como criar algo original nos dias de hoje, porém não é algo impossível. Mas, que há como se reinventar e criar identidade com tudo que temos hoje em dia no cenário, não há dúvidas.

Mas, essa não é a preocupação de boa parte dos artistas. Muitos deles só querem fazer som, explorando estilos que já estão muito explorados e criando aquilo que querem ouvir (e o povo também). Se há algum mal nisso, que apresentem a mim quem inventou que desfilaremos uns bons xingamentos (risos).

Temos aqui uma dupla de músicos que faz as duas coisas. Primeiro apostam em uma sonoridade onde mesclam estilos bem populares, mas não de cunho simples. Segundo que inserem sua identidade e isso significa que conseguem soar diferenciados dentro de algo muito difícil disso acontecer.

Sim, é isso mesmo que o fundador e compositor do Rosetta West Joseph Demagore (vocais, guitarras e teclados), acompanhado de Jason X (baixo e teclados), apresenta neste mais novo disco intitulado “Night’s Cross”. Um som que soará familiar para muitos, mas ao mesmo tempo com características próprias e uma versatilidade sem dispensar a personalidade do duo.

Tudo distribuído em 12 faixas e pouco mais de 41 minutos. Na verdade, parece um tanto quanto inacreditável que toda a sonoridade encontrada no trabalho tenha sido executada por apenas duas mentes, mas isso não é o que importa, afinal de contas, estamos aqui pela qualidade, não?

Pois bem, isso não falta e já fica bem claro na faixa de abertura que é daqueles tipos de música que, além de cartão-de-visitas, serve como um bom resumo da proposta da banda. Sim, porque “Save Me” mescla o blues, o rock (com ênfase no southern rock), além de apresentar elementos auxiliares do folk e country. A música impacta, e pode ser considerada uma das principais do disco.

Mas, tem muito mais por aí. Já na segunda composição, “Suzie”, quem comanda é o blues/rock, mas da forma menos abrangente e mais direta do estilo, com guitarras típicas e uma levada mais introspectiva. Enquanto isso, “Dora Lee” encarna o blues no violão, com uma pegada rock da cozinha e vocais mais agressivos, claro, guardadas as devidas proporções.

Como se não pudesse surpreender mais, o duo apresenta “Diana”, um country misterioso, digno de cena tensa de faroeste, onde o violão é acompanhado por um fundo orquestrado e vocal temeroso. Um primor! Mantendo o clima tenso, mas encarnando uma espécie de “Sympathy For The Devil” (Rolling Stones) minimalista, eles entregam a intrigante “You’ll Be The Death Of Me”, que traz uma mescla de guitarras limpas e percussão que chama muito a atenção.

Já em “Alligator Farm” (que nome sensacional, não?) eles voltam ao country acústico, mas dessa vez apostando em uma batida marcante e violões de corda de aço. E, depois de um começo eletrizante, parece que o Rosetta West apostou realmente no acústico, pois “Cold Winter Moon” chega com todo seu ar sombrio apresentando bases belíssimas de violão e um clima bem intimista, digno do Bon Jovi apostando nesta fórmula em seu auge.

E se o leitor (futuro ouvinte) achava que eles não teriam como surpreender mais uma vez, se enganou. Uma música praticamente tribal ganha o nome de “Desperation”, provando que o leque da dupla jamais será fechado e que o talento deles é múltiplo. Praticamente um interlúdio, “Oh Death” nos ruma ao momento final do disco, que tem um tracklist muito interessante pelo direcionamento, que parece um roteiro de filme. O que até pode ser, pois, apesar de não ser um disco exatamente conceitual, “Night’s Cross” é um trabalho que prima por temas relacionados ao destino de todos, ou seja, a morte.

Por isso “Ready To Go” é praticamente uma faixa de despedida, não do disco, mas da vida. Com sua base mesclando violão e guitarra, além de uma percussão discreta, a música tem um teor agridoce e talvez o trabalho vocal mais interessante do disco. E, quando a gente achava que não caberia mais rock and roll, eles oferecem essa pedrada de riffs contagiantes de guitarra chamada “Baby Doll”. Um verdadeiro hard rock!

Até que chegamos em “Underground Again”, que é uma música em que o nome (muito bom por sinal) já diz tudo. Outra música que, apesar de ser levada apenas por bases de violão, soa abrangente e deixa tudo com um clima de despedida, mas longe de soar piegas, como é muito de costume.

No que consiste à produção e execução do trabalho, Joseph e Jason se saem muito bem, pois conseguem um som orgânico que deixa tudo ainda mais honesto e com a veia rock and roll que permeia o disco todo, mesmo estando falando de algo que se relaciona fácil com o blues, folk e country.

https://rosettawest.bandcamp.com

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