Dame Zina mescla melodia e experimentalismo em novo álbum, “Fairytales”

Médéric Degoy e Carla Degoy são pai e filha, juntos fazem o projeto Dame Zina funcionar desde 2019, quando lançaram o primeiro single “What If”. Desde então, a criatividade e o talento de ambos para a música só aumentaram, pois já possuem mais dezenove singles lançados, quatro EPs e três álbuns completos, incluindo o sensacional “Fairytales”, que estreou nas plataformas de streaming recentemente. Com quatorze faixas, este lançamento é um belo trabalho que agradará às pessoas adeptas do Pop Rock e outras incursões. Ficar indiferente ao talento inserido aqui é não gostar de qualidade musical.

Para começar, a canção “Sirène” faz as honras como se fosse um Fado português eletrônico. E por mais que essa referência seja válida, a música é na verdade cantada em um francês suntuoso. Quando a vocalista canta em sua língua materna as flores parecem desabrochar e o mar parece acalmar. Ao decorrer da audição você verá que “Fairytales” é um álbum bastante versátil, a exemplo de “Witch Circle” que é uma canção um pouco mais empolgante. Seu clima tenso aguça os seus sentidos desde os primeiros ecos da batida que surge de forma gradual. Da mesma forma, a voz penetrante corta o ar contribuindo para os arranjos nebulosos. Pode-se dizer que essa execução nos remota ao interior de uma boate de atmosfera dark, logo, aqui já configura o primeiro destaque do álbum.

Talvez as pessoas possam libertar do transe causado pela última música ao escutar “On a Rainbow”, que é uma baladinha gostosa ao melhor estilo Pop. A forma como a voz da cantora está nesta música lembra um pouco as melodias da canadense Alanis Morissette, que para a geração atual é uma verdadeira inspiração. Mas, ok! Talvez não possa ser o caso de Dame Zina que já foi comparada a nomes como Portishead, Bjork, Rita Mitsouko e até Kate Bush. Ou seja, só com as melhores e, por que não, com a talentosíssima Alanis? Para dar sequência ao álbum, “Alone” chega de mansinho conduzida por uma bela performance de bateria, com um clima eletrônico beirando o futurismo. Esta aura de tensão que há em algumas músicas de Dame Zina prova o quanto o instrumentista da dupla é experiente neste setor. Inserir elementos de industrial em algumas execuções, e com isso resultar em uma audição instigante é tarefa para poucos, pois muitos que tentam fazer entrega um resultado burocrático e complexo demais para muitos ouvidos.

Da mesma forma, inserir em um trabalho técnicas vocais variadas também reflete no dom da perfeição. Embora esta perfeição seja fruto desse dom, o treino constante também faz sentido, senão músicas como “Palace” não sairia com uma melodia tão bem encaixada. Para quem chegou na sexta música e já estava com saudades do afrodisíaco idioma francês, pode se deleitar com “Morphée”, cantada com voz e teclado. Por conseguinte, “Fatalités” também te prenderá por este motivo. Nesta canção você entende porque a compararam à Kate Bush. Mas se você se sentiu também atraído pelo acompanhamento, certamente se sentiu preso à cozinha pomposa que faz cama para a voz. Depois desta, “Golden Dust” chega com mais melodia vocal, e esta é a que mais destaca a voz. Seu clima nebuloso com andamentos mais disforme remete a filmes de mistério, mas o som aveludado da vocalista pode funcionar como uma cantiga de afago. O repertório segue com “Once Upon a Time”, que é a mais extensa do álbum. Com uma estrutura mais crua, esta música mostra como o simples pode encantar. Mas também o que não falta nesta obra é a presença de elementos muito usados nos anos oitenta, quando a New Wave dominava as rádios. Para exemplificar isso, “Dragons and Fairies” segue à risca este conceito, com a sua magia de vanguarda. O que acontece também, por exemplo, em “Missis Sun and Lady Moon”. O próprio nome da música já nos dá essa ideia, mas o som incrivelmente simétrico reforça a teoria. Aquela cativação que nos faz querer passar horas na academia, está em “Master Goddess”. Puxe ferro ou corra na esteira sob a trilha sonora desta música, que na hora você nem pensará no cansaço. Existe um balanço singular aqui que nos deixa muito motivados.

Sabe aquele tema futurístico que saem do sintetizador? Ele está de volta em “La Nuit” e, de cara, já se destaca também como uma das melhores músicas do álbum, ainda mais com esse dialeto francês que é um dos principais diferenciais na música da Dame Zina, não por apenas cantar nessa língua, mas por saber cativar com a interpretação. O álbum encerra a sua tracklist com a inspirada “Lullaby for a Fairy”, que simplesmente tem propriedade de acalentar corações. Para os fãs e os que ainda se tornarão, em algumas plataformas de streaming ainda vem incluída no álbum a canção “Eau” que, assim como todas as demais, contribui para a excelência de “Fairytales”. Grande obra!

Para acabar a sua ansiedade, você pode conferir “Fairytales” pelo Spotify, clicando abaixo.

Para saber mais sobre os lançamentos de Dame Zina, visite o seu site oficial clicando aqui.

Discovered and supported via Musosoup #sustainablecurator

Digite o que você está procurando!